Tuesday, October 31, 2006

Criticas

Após mais de quatro anos com o chamado writers block, ou no meu português - preguicite aguda, senti novamente vontade para debitar sobre filmes. Talvez devido a este último projecto trissómico ou mais para poder parar com a conversa do tentei, consegui, parto para outra, lá me submeti ao teste de forma a poder figurar, de novo, entre esses tubarões-escribas da 7ª arte!
Que engano! Embora qualquer outra publicação contenha uma página que seja com as cartas dos leitores, na elite cinéfila já não são permitidas as opiniões de quem os lê. Apenas lhes é permitido fazer perguntas que qualquer pesquisa na net responde, ocupando assim páginas de informação extremamente úteis. Sim, as tão ansiadas respostas àqueles enigmas do cinema, só a Premiere pode dar, no consultório de Criswell, claro. As moradas dos famosos, as datas das estreias, a resposta àquele filme em que ela estava vestida assim e fazia assado e tantas outras pérolas. Ou talvez, sejam valores publicitários que mais alto se levantam e impedem que pequenas inicitiavas como esta, desenvolvam certos espíritos letárgicos ansiosos por aquele empurrão.
Resta-me regressar ao opinanço habitual neste blog e deixar a 7ª arte bloqueada mais uma vez.
Quanto ao Sr. Director Jorge Viera Mendes, agradeço o mail que, com toda a publicidade que aproveitou para introduzir nele, àcerca das novas iniciativas desta revista, salvou-se isto:
"Caro leitor, por razões de espaço não temos publicado críticas do leitor.... (...) Cumprimentos".
Nem sequer um cantinho ao lado desse grande vulto Somsen?!
P.S. - Vou retribuir o favor ao Sr. Director! Agradecer a resposta, aproveitando para publicitar esta nossa casa!:)

Experiências - Gymnopédie Nº. 1 (Furniture music)


Aqui não há embate possível... Dando claramente a vitória ao pai Satie, ISAN consegue, no entanto, a mesma caixa de bailarina, o tão gentil som para adormecer os petizes.
Ambas suaves peças de música, de uma beleza atmosférica e elegância etérea, que nos fazem sentir que nem estamos a ouvir música... faz parte... apenas.

Monday, October 30, 2006

Sunday, October 29, 2006

Premiere

Como é hábito, a Humanidade está a um passo da sua própria extinção. Desta vez, o problema é a infertilidade.
Classificado de ficção-científica (apenas por se passar em 2027) e baseado no romance de P.D.James, Cuarón apresenta-nos uma distopia, num futuro não muito distante, mas muito reconhecível, realista e convincente. Um drama por antecipação, mas um thriller de acção.
Após mais um caso peculiar de fama, com o mundo todo em consternação e desespero, surge um "milagre" que poderá evitar que mais casos destes surjam. Clive Owen, afasta por momentos a garrafa de whiskie e, com a ajuda de Michael Caine, o patriarca da marijuana, somos guiados para o Amanhã.
Num futuro Orwelliano, caracterizado por um controlo social opressivo, de índole de extrema.direita, os risos das crianças são substituídos pelo miar e ladrar daqueles que tomaram o seu lugar. A violência aí existente surge, por vezes, sem se esperar e faz-nos reagir tal a brutalidade visual. De câmara ao ombro, numa impressionante long-shot de guerrilha urbana ou numa emboscada, Cuarón filma o detalhe futurista da cinematografia de Lubezki. Os pormenores, referências e toda a informação estão presentes em cada cena, mas sem o exagero visual de ter que enfatizar Londres daqui a duas décadas. Um local soturno e não a sofisticada utopia que sempre sonhámos, embora com uma lindíssima luz natural de tonalidades azuis pálidos e cinzentos.
Com um elenco de luxo, Julianne Moore e Chiwetel Ejiofor, sobressai a presença de Caine que é a única personagem, a par do local onde vive, que transmite alguma alegria e luz a um filme sombrio. De realçar igualmente uma banda-sonora estranha, mas eficaz, onde surge Roots manuva como o representante musical da revolta.
No final, impõe-se a pergunta: quando toda a esperança se perde, pode um bater de coração, uma única pessoa fazer a diferença? Neste filme faz, sente-se essa mensagem subtil durante o tempo todo, por mais incerta que seja. Por isso, também a minha mensagem final é de esperança, por mais filmes honestos como este. Aos outros, já dizia Caine: "Pull my finger!"

Saturday, October 28, 2006

Pianinhs...

Na Gaveta...

A minha ida Outonal ao teatro, aqui na terrinha, fez com que sentisse vontade de reler “D. Quixote”. Talvez por ter sido recriado pela "malta conhecida", deu outro gozo à cena.
Estranho aquele que afirma ser "o mais triste de todos os livros". Se a uns faz sofrer, a mim faz sorrir. Quixote não é nenhum Dostoievskiano. Se o fosse andava por aí a bater com a cabeça nos moinhos. Como não é passeia-se alegremente pelo alheamento. E se aqui me revejo, ainda digo que sou mais Sancho!
Agrada-me a capacidade argumentativa do Pança com o Homem da Mancha! Gosto da sua representação dos mais diversos tipos de personagens, desde o ignorante do povo, passando pelo espertalhão e altamentente conhecedor de todo o tipo de rifões apropriados a todo o tipo de ocasião, até ao conselheiro e sábio, cheio de experiência e perspicácia.
E depois, para a tertúlia, como disse Quixote a Dulcineia... fomos folgar cas donzelas!

Friday, October 27, 2006


Zufrê... o patrão já foi! É tudo nosso! Só espero que tenha levado leitura...

Fugas

Vou tirar uma semana de férias deste sítio. Aos meus estimados colegas: cuidem bem disto!

Thursday, October 26, 2006

OPA À OPA!

OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPA OPÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Experiências - 4


Suporte vídeo-áudio para este primeiro embate!
No topo norte, Aphex Twin, a máquina, pesando toda a carga original do som que produz, secundado por David Firth que capta o momento para mais tarde recordar!
No topo sul, Alarm will sound, equipa-cover de 20 elementos capazes de ripostar qualquer ataque de metrelhadora electrónica com um pulsar frenético mas seguro de todos os seus clássicos instrumentos!
Quem sai vencedor?
Apenas digo... que espanto de bateria!

Wednesday, October 25, 2006

Tribalismos

Se há alguém que atribui integral sentido à noção de heterotopias estéticas utilizada pelo filósofo italiano Gianni Vattimo são estes rapazes nova iorquinos com uma sonoridade caracterizada pela mais elevada coerência ao nível da fusão. A música deles é o mundo de hoje! De regresso ao tribalismo, já há muito escrito por McLuhan.

Hoje sinto-me assim e assim desapareço...com Ligeti irei viajar, desconstruíndo as evidências, já cá pouco faço.

Coisas

Dois grandes registos aqui deixados pelo Quim e pelo Jorinhs, apenas te faltou referir o inolvidável Black Earth, dos Bohren, Jorinhs. De qualquer forma, obrigado!

Anda tudo louco?

Depois do Prado Coelho, o Miguel Sousa Tavares.
O primeiro, acusado de plagiar um artigo de opinião de um cronista brasileiro. Supostamente teria adaptado um texto de João Ubaldo Ribeiro para a realidade portuguesa, assinando o mesmo como sendo de sua autoria na habitual crónica do Público.
O segundo, acusado de plagiar parágrafos inteiros do livro «Freedom at Midnight», de Dominique Lapierre e Larry Collins, limitando-se a traduzi-los e a integrá-los quase na íntegra no aclamado «Equador».
Dois denominadores comuns:
- as acusações têm por rosto o anonimato da net e da blogosfera;
- ambos os visados negam as acusações de que são alvo.
O Prado Coelho diz que não está para se chatear com o assunto e que nada vai fazer (segundo parece, o texto que alegadamente teria assinado/copiado jamais foi publicado no Público). O Sousa Tavares ameaça com processos e diz que desconfia do autor do blogue que denunciou a situação (http://www.freedomtocopy.blogspot.com/).
Aguardam-se os desenvolvimentos.

Goo


I feel like I'm disappearing
Getting smaller every day
But I look in your eyes
And I'm bigger in every way

Reich



Já que na terrinha não há concertos, vê-se mesmo por aqui...e gosto mesmo de Steve Reich; desculpa lá Galopim, mas é o melhor dos minimalistas.
Só uma coisinha, acho vergonhoso que uma antiga responsável pelo pelouro da cultura desta mísera terra que até me envergonho de dizer o nome, tenha afirmado com todos os dentes que tem na boca que este é dos municípios em Portugal que gasta mais dinheiro com a cultura, quando o que se vê são uns eventos que vão pingando ao longo do ano para ir jogando areia para os olhos de quem acha que isto de cultura é um concerto de Cesária Évora por ano e pouco mais. Mas, meus caros, a criação de hábitos culturais passa tão só por duas coisinhas que V/Exas. nunca se dignaram a pensar:
1- a criação de equipamentos culturais;
2 - Um programa coerente e regular de eventos ao longo do ano.
Mas como quiseram para cá barrigudos de bigode e palito ao canto da boca a comer sardinhas e a beber tintol, inebriados com as chorudas quantias que V/Exas. gastam em pirotecnia durante o Verão com o dinheiro dos contribuintes, tudo bem, a opção foi vossa.
Essa mesma responsável veio depois, alarvemente, ao lado do então Presidente do IDT, Fernando Negrão, orgulhar-se em público dos programas de prevenção contra a toxicodependência feitos cá na terrinha, que bem deram uns bons tachos a certos meninos queques e hipócritas, quando uma pessoa com dois dedos de testa compreende que a melhor forma de prevenção para essas maleitas que os senhores tanto abominam é arranjar algo de interessante para preencher o imaginário das pessoas, ou não?!
Mas enfim, viva a festa pimba no Verão e a quarentena de tédio durante o Inverno, coisa boa para criar maníaco-depressivos em massa. E aproveito para dizer à senhora ex-reponsável por tanta coisa nesta cidade que no caso de ler este post, o que duvido, que o faça acompanhada do som que aqui coloquei de modo a que, pelos menos, sirva de aconchego à sua colossal ignorância.

Tuesday, October 24, 2006

Perfurar...

Invoca o autismo, deixa afectar a capacidade de comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que o rodeia. Distancia-se, alhea-se, fecha-se, mas mune-se da melhor banda-sonora para o fazer. Depois, partilha por portas travessas o que não consegue fazê-lo pela fala. A música pega no discurso e transmite os sentimentos e ambientes presentes.
Auto-concentração. Badalamenti. Lynch. Estranho relaxe. Tudo é lento, langoroso, rola o lounge, batidas mais atmosféricas que rítmicas, por breves instantes surgem imagens, clareiras, mas rapidamente o som puxa para um canto escuro, onde se sentem apenas as vibrações nas entranhas. E aí fica... entendi!

Fornication in space...

Assim vai o jornalismo desportivo que temos...

O mesmo assunto, tratado por três jornais. Um diário generalista, um diário de economia e um diário desportivo. Notem as diferenças.

Público, pág 29:
Título:Benfica SAD com passivo de 151 milhões
Início do texto: “A Benfica SAD terminou o exercício de 2005/2006 com um passivo de cerca 151 milhões de euros, mais 26,1 milhões do que a temporada transacta (um crescimento de cerca de 20 por cento).”

Site do Jornal de Negócios:
Título: Passivo agrava-se para os 151,86 milhões de euros; Prejuízos da Benfica SAD melhoram 79,1%
Início do texto: “Benfica SAD anunciou hoje que os que seus prejuízos do exercício 2005/2006 apresentaram uma melhoria de 79,1% face ao mesmo período do ano passado. O passivo da SAD encarnada agravou-se em 20,8% para os 151,86 milhões de euros.”

A BOLA, pág 15:
Título: “SAD reduz prejuízo sem vender estrelas”
Início do texto: “O Relatório e Contas da Sociedade Desportiva, do clube e as contas consolidadas, isto é os números de todo o universo benfiquista (clube, SAD, Benfica Estádio, Benfica SGPS, Benfica Multimédia e Benfica Comercial) foram ontem divulgados. Os resultados, aprovados por unanimidade, demonstraram uma redução do prejuízo da SAD na temporada 2005/2006, mesmo sem a venda de Simão. O passivo global do Benfica mantém-se na ordem dos 315 milhões de euros”.

Abstendo-me de comentar a disparidade dos títulos, chamo apenas a atenção para o facto de a entrada do texto d’A BOLA não discriminar o passivo da SAD (que aumentou para os tais 151 milhões), optando antes por englobá-lo (ou disfarçá-lo) no somatório de passivos de todo o universo empresarial do Benfica. O que não deixa de ser estranho, atendendo ao título escolhido para a peça.

Referência ao crescimento do passivo? Só de raspão, no último parágrafo da notícia. Mas até chegar a essa breve nota de rodapé informativo, existe todo um texto que deveria fazer corar de vergonha qualquer benfiquista isento. Lê-se, por exemplo, que “a venda do passe de um jogador como Simão, que esteve quase a sair para o Valência por verbas a rondar os 20 milhões de euros, possibilitaria, por si só, um resultado positivo” no exercício contabilístico da SAD. Pergunto: mesmo que isso fosse verdade (é?) o que é que o assunto tem a ver com dados factuais constantes num relatório e contas?

Depois, cita-se o vice-presidente do clube, Rui Cunha, para corroborar a tese: «Na cedência de direitos desportivos apenas realizámos um valor de pouco mais de sete milhões de euros, mas se aceitássemos as propostas que recebemos por um conjunto de jogadores que temos poderíamos aumentar significativamente esse montante.» Seria descabido perguntar ao senhor dirigente porque é que não venderam? Não teria interesse saber se foi por opção ou por incapacidade negocial? E porque raio não fez o jornalista esta pergunta? E porque é que ele também não perguntou se não é estranho que o passivo do clube tenha aumentado num ano em que a equipa fez a melhor carreira na Liga dos Campeões nos últimos 15 anos? Não convém? Raios partam a merda do compadrio!!!

Maria(s)

Eu sei que a insistência neste escritor começa a ser aborrecida, mas, há momentos em que as palavras passam para a vida; conheci Maria que celebrou comigo todos os rigores do conhecimento de Marias, o Javier, e segundo Maria, que me falava tão empolgantemente de Marias, cada instante é um acto único, uma transformação do sujeito-leitor consoante o seu sentir situacional, porque Marias perspectiva as emoções, porque Marias é tão único como o conhecimento profundo que tive da tua sublime sensibilidade, Maria. Ontem, mergulhámos e fizemo-nos personagens dignas de um sentir que já não se sente por ter ficado para sempre retido naquele instante.

Temos que ser uns pós outros...

Monday, October 23, 2006

Tom Waits for no one...

Para aquela que escapou...

Imagem para a capa de um livro já escrito


(Com a devida vénia à autora, Marta Nobre.)

Obrigado Martinha!

Notas para um livro que jamais será escrito


"23 de Outubro de 1997. Nesse dia disseram-lhe que já não valia a pena. E só então reparou que era o único que ainda não tinha tomado consciência disso. À sua volta nada restava, para além dos despojos do esforço dos outros."

A melhor (e mais injustiçada) canção de amor de todos os tempos?


The plan it wasn't much of a plan
I just started walking
I had enough of this old town
had nothing else to do
It was one of those nights
you wonder how nobody died
we started talking
You didn't come here to have fun
you said: "well I just came for you"
But do you still love me?
do you feel the same
Do I have a chance
of doing that old dance
with someone I've been
pushing away

And touch we touched the soul
the very soul, the soul of what we were then
With the old schemes of shattered dreams
lying on the floor
You looked at me
no more than sympathy
my lies you have heard them
My stories you have laughed with
my clothes you have torn
And do you still love me?
do you feel the same
And do I have a chance
of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again

You lost that feeling
You want it again
More than I'm feeling
you'll never get
You've had a go at
all that you know
You lost that feeling
so come down and show

Don't say goodbye
let accusations fly
like in that movie
You know the one where Martin Sheen
waves his arm to the girl on the street
I once told a friend
that nothing really ends
no one can prove it
So I'm asking you now
could it possibly be
that you still love me?
And do you feel the same
Do I have a chance
of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again

I take it all from you


(Nothing Really Ends - Tom Barman/dEUS)

shvoong

Bom dia. Aderi ao schvoong, site onde cibernautas de todo o mundo colocam resumos de livros de todo o tipo, desde os mais complexos até aos da Margarida Rebelo Pinto. Já coloquei o link do site aqui no blogue e por baixo vão sendo colocados os meus resumos. Juro, mas juro mesmo, que foram lidos e não retirados das contracapas, até porque não possuo o livro do primeiro resumo que lá coloquei, sendo esse trabalho o resultado da minha modesta memória.
Já que falei em Rebelo Pinto, não seria difícil fazer o resumo de uma das suas obras. Basta tão pouca imaginação como isto: «Catarina, gestora de sucesso, cai numa terrível depressão por descobrir que o marido, Carlos, advogado com escritório no centro de Lisboa, a traiu com uma moçoila de 20 anos dotada de umas formas bem torneadas (para não ser injusto, esta última expressão foi roubada do último romance de Saraiva, o director do Sol). Após, nem mais nem menos do que 150 sessões no psicanalista, Catarina rejuvenesce 10 anos e começa a ser vista na companhia de jovens bem parecidos e com cabelos oxigenados que são tidos como locals a apanhar ondas de meio-metro na praia do Guincho. Todo o restante enredo passar-se-á entre o areal e uma cabana e os pormenores mais picantes serão da exclusiva imaginação do leitor».

Saturday, October 21, 2006

não compensa mesmo; mas estupidamente insisto e elas ficam a dialogar por si na minha cabeça. é nesses instantes que fico calado, o que é triste, muito mesmo. hoje deu-me para isto.

Friday, October 20, 2006

"Futebol: Mesmo"


Gosto das dissertações ‘científicas’ de Freitas Lobo mas, para mim, Joel Neto é o melhor cronista de futebol que temos em Portugal. Se a leitura do primeiro me ensina a ver o lado táctico do futebol, é o segundo quem me faz sentir que não estou sozinho nas coisas que sinto enquanto mero adepto e apreciador deste desporto. Acontece-me todas os sábados. Seja qual for o teor da crónica.

É óbvio que a descarada costela sportinguista que pauta os seus textos ajuda a criar esta empatia. Mas, que diabo!, um sportinguista só pode aplaudir quem teve a coragem de escrever e publicar isto a propósito da saída do Hugo do Sporting:
"ALÍVIO
Serei o primeiro, se for preciso, a reconhecer o profissionalismo de Hugo. Durante cinco anos, deu tudo o que tinha ao Sporting. Mas tinha pouco.
O Sporting parece às vezes, infelizmente, um clube vocacionado para jogadores sem talento. Alguns, como Oceano e Iordanov, chegaram mesmo a atingir uma certa dimensão – tiveram sorte, estiveram no sítio certto á hora certa, fizeram um esforço.
Hugo fica na história como o jogador mais desprovido de talento, e ao mesmo tempo de sorte, que já vi jogar no meu clube. Convido-o para almoçar quando quiser. Parece-me uma pessoa fiável. Mas fico radiante por saber que não volta a jogar no meu clube."

Kimmo Pohjonen - Acordeão do Diabo

O acordeão simpático que conhecemos das nossas festas populares mudou. Tranformou-se numa besta ameaçadora dedilhada por um gigante de nome élfico. Mas é o instrumento que o possui, que faz dele o que quer e bem lhe apetece, que o puxa para si ao ponto de o induzir num transe hipnótico.
Ouvi Kielo, Kluster, Kalmuk, em surround e bem alto... foi uma boa descida aos infernos...

Thursday, October 19, 2006

Bastian o Montador de Porcos

Schweinsteiger! O Ricardo deve traduzir como porco do caralho! A claque do Bayern é mais simpática... trata-o por Schweine, ou seja, porquinho.

Wednesday, October 18, 2006

Das que já saíram do estado natural

Esta mulher, por aquilo que escreve, já devia ter ganho um Prémio Nobel das evidências não vistas pelos parolos. Grande Fernanda Câncio!

Os poetas do betão

É curioso constatar que numa região onde nos últimos 30 anos nunca se ligou patavina à cultura, devido ao notável trabalho de desenvolvimento - "betoneiro"- local levado a cabo pelos nossos autarcas durante esse período - isto segundo a mais recente opinião de um amigo meu -, tenham nascido dois grandes poetas portugueses. Um está aqui com este poema lindíssimo. O outro é o António Ramos Rosa. Estes, certamente, contribuiram mais para a dignidade do país do que aqueles que com 1 euro na administração local fazem e fizeram seguramente mais (merda) do que os perigosos homens da administração central com 3 euros. Diga-se, por fim, que já faz parte da idiossincrassia nacional este anátema contra o poder central, qual pai que nos castra constantemente os movimentos. Mas quando se trata da pedinchice clássica lá revemos a posição e reconciliamo-nos com a figura do pai. Clássico e psicanalítico!

Tuesday, October 17, 2006

Ainda o futebol...

Numa exposição de pintura, perguntei a um luso-francês o que ele achava do Toulouse-Lautrec...
... ele respondeu:
Toulouse - 2 Vs. Lautrec - 1

CóCó



No prefácio à Edição Francesa do "Elogio da Intolerância", agora traduzido para português, obrigado Costa, Slavoj Zizek estabelece uma original relação entre as disposições de um povo e a forma como este lida com a sua actividade excrementícia, a saber, a merda que sai do ânus de cada indivíduo. Assim, enquanto que a configuração da sanita alemã apela para uma atitude de ambiguidade contemplativa que pode estar relacionada com a propensão que os Alemães têm para a metafísica, a configuração da sanita francesa apela para uma atitude de fazer desaparecer o mais rapidamente da vista tais excrementos desagradáveis, o que pode estar relacionado com a célebre propensão dos Franceses para o radicalismo revolucionário. Já os ingleses deixam que a merda fique a flutuar de forma bem visível sem que por isso deva ser contemplada ou observada, o que indica a típica atitude utilitarista anglo-saxónica no que se refere à economia. Zizek aborda este triângulo, pois, ao fim ao cabo, é aqui que assentam os pilares da civilização ocidental, fazendo com que um povo como o português seja, por razões óbvias, obnubilado.

Porém, das minhas pequenas e pouco profundas reflexões acerca da especificidade antropológica do povo português, saliento que, ao observarmos as sanitas das casas de banho públicas, podemos inferir dos portugueses uma clara propensão para a nostalgia, isto quando permanentemente confrontados com os já célebres resquícios de cócó que ficam colados no fundo da sanita. Pode chegar-se mesmo a considerar que esta específica relação com a excrescência, indica-nos um claro espectáculo de potlach público relativamente à merda, como se cada indivíduo que sai da casa de banho quisesse transmitir ao outro que vem a seguir a merda na qual todo o português está, de forma nostálgica, no presente e no passado, constantemente atolado.

Porque razão não se deve treinar o Sporting no FM...

Monday, October 16, 2006

Post nocturno

À noite... deixei de ser regular. Não cedo a horários. Transformo-me no Irregular Guy e uso o meu poder para ver as séries que quero, quando quero! E qual puto a ler a sua BD debaixo dos lençois a delirar com super-poderes, agora fico refastelado a vê-los no êcran...! Sim.. e também curto o Lost! It's only entertainment guys...

Post matutino

E um bom dia a todos os que anseiam sair da terrinha...

Poultry in motion...

Sunday, October 15, 2006

Tara Perdida

Sem esperança de alguma vez a encontrar, divirto-me com outras taras...

No lugar certo

Josef Koudelka - Ireland 1976

Enquanto uns são apanhados pela objectiva de Koudelka, outros, mais azarados, são pelo escrupuloso trabalho das nossas forças policiais. Uns sortudos, estes vetustos irlandeses!


Circular da Entidade Patronal

Greguería

In the middle of the train tracks grow suicidal flowers.

Saturday, October 14, 2006

Chema Madoz

Curiosidade desperta... http://www.chemamadoz.com/

The bad plus

Para se ser notado é necessária a diferença. E, se nos caminhos jazzísticos a única que conhecia era a do virtuosismo dos grandes mestres, o panorama renovou-se através de covers, tão comuns noutros géneros musicais.
Já antes, Brad Meldhau o tinha feito com temas dos Radiohead (Paranoid android, Exit music for a film) e Herbie Hancock dedicou um disco inteiro a esta renovação, chamando-o "The new standard", onde se incluíam temas como "Come as you are" dos Nirvana.
Também "O mais mau" fez versões destas duas bandas. Inovação? Não os consideraria o máximo da novidade, mas têm uma visão do futuro. Tocam com força, muita força. Chamam-lhes mesmo "The loudest piano trio ever", juntamente com a bateria e o contrabaixo. E se nada poderei dizer relativamente ao seu nível técnico, a atitude rockeira que dão à música, a energia contagiante, o humor e bom gosto nas escolhas que fazem, agradam-me e muito! Que maior gozo destas mentes jazzísticas processadas e enformadas pelo rock, senão desconstruir descomplexadamente temas de bandas tão diferentes como Aphex twin, Pixies, Blondie, Black sabbath e até o tema-título de Chariots of fire? Sim, porque a boa música também é lúdica...
Rubber Johnny

Adoro o traço...

O Sapo

Ele não era propriamente feio, o efeito da coridrane é que lhe acentuava as expressões!

Friday, October 13, 2006

Paraskavedekatriaphobia

Nesta sexta, se algo aconteceu e vos tenha deixado a pensar... contem-nos...

Estranhas e Belas "Isolations"


Body Isolations, o segundo álbum de Donato Wharton, vai transfigurando o corpo à medida que nos suspendemos na singularidade atmosférica de cada faixa. Entre a inquietude, o silêncio e a inércia, vamos sendo conduzidos por estados fragmentados que ganham particular significado à luz do detalhe. De um experimentalismo «suave», só aconselhável a gajos que não percebem nada de música,... como eu! Mas, mesmo assim, digo: - É muito bom!

O Almeida

Desde que tomei conhecimento que um em cada três deputados italianos consome algum tipo de estupefacientes, como o haxixe e a cocaína, que não deixo de pensar aqui no maroto do João. Não que considere que faça parta da estatística na versão Portuguesa, mas por considerar que o que diz é digno de alguém sob o efeitos de psicotrópicos!
Segundo uma investigação de programa satírico de televisão «Le Iene», que é emitido no Itália Uno, canal do grupo Mediaset que, só por acaso, é propriedade do chefe da oposição de centro-direita italiana, Sílvio Berlusconi, cinquenta deputados foram testados ao consumo de droga, através de um produto químico aplicado durante a maquilhagem e que revela a presença do estupefaciente no suor.
Como acredito nas estatísticas, já que costumam estar 95% das vezes correctas, imagino a hipocrisia que não é em Portugal. E se o Alberto João ainda num faz destas... espero que um Marques Mendes ou Pinto Balsemão se arme também em Al Capone Tuga e denuncie os fazedores de leis no joelho, enquanto fumam uma ou dão uns tracinhos...


P.S. - Maior parte deles são uns charrados, já que apenas 4 dos 16 davam na coca...
P.S.D. - O "D" é de post scriptum dois e o um não se refere aos deputados do Partido Socialista...

Euzebiusz... Tal pai, tal filho

Quis a história que Eusébio derrotasse Portugal. Ebi (baptizado em honra do Pantera Negra) herdou a vocação natural para o futebol e para o nosso miserável, em termos exibicionais, país.
Saiu da Polónia aos seis anos devido à carreira internacional do pai, mas apesar de ter feito toda a sua formação no Feyenoord declinou a hipótese de jogar pela selecção Holandesa. Como o próprio refere: “O meu pai disse-me que deveria representar a Polónia, como ele. Fi-lo por ele”. Obrigado paizinh!
Esta decisão, contrária à de outros jogadores de origem polaca, como Klose e Podolski, que preferiram uma selecção de maior renome, granjeou-lhe enorme respeito por parte dos seus compatriotas, mesmo que nem consiga entendê-los, já que não fala puto de Polaco...

A Kid

Mais um exemplo Dadaísta Tzariano é o aplicado por Thom Yorke (Com agá), no álbum Kid A dos Radiohead. Enquanto a banda ensaiava as músicas, aquele escrevia frases, cortava-as em linhas únicas, colocava-as num chapéu e ia retirando os futuros textos do que ouvia. E digam lá se a cena não correu bem...

Thursday, October 12, 2006

Burroughs... esse Guilherme Tell contemporâneo

(The) Naked lunch, escrito na cidade Marroquina de Tânger, em 1959, é um dos melhores exemplos do movimento Dada. Popularizou a técnica do "cut-up", uma justa-posição arbitrária de palavras e frases, usadas como forma de reestruturar a percepção da gramática e de forma a quebrar a linearidade da escrita. E a culpa é do ópio...

E para quem tenha problemas de plagiarismo, lembre-se...

Se roubar de um autor é plágio. Se roubar de muitos é pesquisa!

Dadaísmo...

Para que não fiquem com a ideia errada, quando critiquei as repetições no post anterior, fi-lo por nelas não existirem nada de novo. Caramba, aquilo está igualzinho! Vírgula por vírgula FP!
Quem me conhece, sabe que em termos artísticos, não tenho um pingo de originalidade em mim. No entanto, quando se trata de copy/paste, sou um entusiasta e praticante assíduo (talvez já o tenham notado). Sou por esta forma de comunicar. O reinventar, dando a conhecer tudo o que me toca, mas da forma como o apreendo.
Com início nos anos 20, o movimento Dadaísta teve no poeta romeno Tristan Tzara, um dos seus maiores representantes. Aqui deixo a sua receita dada para um poema dada:
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Repetição é a morte da arte...

Não que os posts aqui repostos pelo o FP o sejam ou aspirem a tal! Mas pela sua mera recolocação, repetindo-se no que já tinha escrito anteriormente, fazem com que estes sejam diferentes dos outros. Embora iguais na escrita e imagem, perderam a essência que fizeram deles a tal "arte" que surgiu num dado momento e pelas mais variadas circunstâncias. Isso está perdido! Agora não passam de reproduções, reles cópias que nada acrescentam ao que aqui outrora foi escrito e com intuitos certamente diferentes dos de agora.
Contudo, como se pode ler pela nota de culpa e correspondente sanção aplicada pela entidade patronal deste blog, teve a capacidade de refazer a ligação à ponte trissómica, entretanto quebrada, aquando do apagão. Pela reconstrução, de má qualidade é certo, iço a levadiça suspensão a que me tinha proposto e retomo às funções que a minha greve selvagem ditou.
Em bom tempo, é que já sentia o bafo do "Gordo" a tentar bater-me nos côcos... diz ele para simular o galope dos cavalos. Sei, sei...

Coisas pelas quais vale a pena pagar

A página 5 do Público de hoje vale os 0,90 euros que custam jornal. Até me arrisco a estimar que a crónica do Pacheco Pereira vale uns bons 80 cêntimos e a do Prado Coelho os restantes 10.

Sem me alongar em considerandos sobre o futuro da imprensa ‘tradicional’ face aos desafios do online e da imprensa gratuita, limito-me a constatar que são exemplos como este que me fazem acreditar que haverá sempre mercado para os jornais pagos. Desde que, claro!, façam por merecer o facto de termos de desembolsar dinheiro para lê-los. E isso passará, sobretudo, pelas vertentes de opinião, reportagem e contextualização da notícia 'rotineira'.

Permito-me transcrever excertos dos artigos que motivaram este “post”:

Porque razão a democracia tem medo de Salazar? (Pacheco Pereira)
“(...) Por último, há uma razão muito simples, que ninguém quer admitir, e que tem a ver com a permanência nos valores mentais, nos hábitos da nossa democracia, dos quadros do Portugal de Salazar. Valores como o “respeitinho”, a hipocrisia pública, a retórica antipolítica, a tentação de considerar que o suprapartidário é bom, a obsessão pelo “consenso”, o medo da controvérsia, a cunha e a clientela, mesmo a corrupção pequena, a falta de espírito crítico desde as artes e letras até à imprensa e Igreja, tudo vem do quadro do salazarismo e reprodu-lo.”

Corrupções (Prado Coelho)
“Alberto João Jardim é um caso extraordinário. Ao vê-lo sentimos uma repulsa imensa por esta personagem não apenas demagógica mas rasteira e medíocre. Tem tido o dinheiro que quer sem prestar contas dele. Revela a mais total rejeição dos princípios democráticos.”

"Imagens de pessoas com música dentro"


Já agora, aqui fica outra sugestão de link para um blogue de que gosto. “Imagens de pessoas com música dentro”, da fotojornalista Rita Carmo, em ritacarmo.blogspot.com.

Se lá forem nos próximos dias peço é que não se assustem com a primeira imagem que aparece. É de um tal de Miguel Ângelo, vocalista de uns tais Delfins e (muito infelizmente!) autor da música do centenário de um tal de Sporting.

É pena que o blogue não seja actualizado mais frequentemente, para evitar este bizarro cartão de visita momentâneo. Mas acreditem que o resto vale a pena. Ou talvez não. Seja como for, o que interessa é que serviu-me de pretexto ideal para 'postar' aqui uma foto da miss PJ. E isso já não é mau.

agora...

siga!

e amanhã lá terei de ceder à deriva fascista e reaccionária do gajo que aqui escreve a azul (esta cor não vos faz lembrar nada?!), e colocar aquele link altamente suspeito...nem que seja para dizer mal.
Devo referir ainda que passei por lá e apreciei assim-assim um texto; e também um vídeo do youtube a gozar com o Ivan Nunes que considero ser uma figurinha altamente execrável. Não foi por acaso que o puseram frente-a-frente com a Helena Matos no "Choque Ideológico". Estão bem um para o outro!
Nota 1: quanto ao primeiro parágrafo estou obviamente a brincar até porque acho muito bem que exista gente em Portugal que se assuma como sendo claramente de direita, coisa quase impossível há duas décadas atrás devido às nuances características da cultura política que herdámos do 25 de Abril, cujo partido mais à direita situava-se precisamente ao centro.
Nota 2: Eis a surpresa! Começo a deslizar o meu pensamento para essas bandas, mas de uma forma sempre crítica, se é que isso é possível...é, e não falando agora da blogosfera, um dos gajos que anda a escrever muito bons artigos de opinião actualmente em Portugal é o Rui Ramos, alguns deles, de uma lucidez aterradora.

e...

quando o Foucault foi ao Collège de France conferenciar, atirou para a plateia essa estranhíssima «episteme» que controla discursivamente o que é dito e não dito, e que cabe ao cães de guarda o bom zelo de tão bem a fazer enunciar; o heteróclito é que é assim um pouquinho mais complicado.

Os pensadores massíficos

O Ortega, esse pensador espanhol também ele não muito fashion, já nos idos anos trinta anteviu, embora não a tivesse referido, uma blogosfera, ou seja, um espaço público onde toda a gente opina sobre tudo, mas, no fundo, não entende porra nenhuma de nada.

Fashion

O Rodrigues Miguéis, por acaso grande escritor, tanto zurziu nos talassas e anquilosados que se reúnem neste país, que hoje ninguém lhe pega; enfim, não é muito fashion...

A diligente higiene espiritual do Dandy

Portrait of Dorian Gray
Para cuidar quotidianamente da higiene do espírito, relativamente àquelas que ainda não sairam do estado natural, cabe-nos sempre tomar em consideração o seguinte:
"A mulher é o oposto do Dandy.
Por isso ela nos deve causar repulsa.
Se uma mulher sente fome apetece-lhe logo comer - e se tem
sede bebe.
Em cio quer ser fodida.
Que glória!
A mulher é natural, isto é, abominável.
Por isso mesmo ela é sempre vulgar, ou seja, o contrário de
um Dandy".
Charles Baudelaire

Anxiety

Man Ray - Anxiety
quer-me parecer que corpos há, que à força de tanto girarem sobre si próprios atingem à velocidade da luz o vazio, mais prosaicamente, um pensamento meta-formal sem qualquer tipo de conteúdo. Baudrillard connections!

Despedimento?! Claro que não...Nunca!

"Porque nos reconhecemos calvinistas, predestinados à eterna
glória
a que Deus nos votou, crentes de que a abnegação ética deste nosso
trabalho nos trará a salvação e o reconforto do Céu, não iremos desistir,
não
iremos baixar os braços e sucumbir diante de tão sórdidas maleitas
a
que nos
possam querer vir submeter;

Porque entendemos que transportamos um legado, uma ética irreconciliável com a renúncia aquando do confronto com o mais caprichoso dos obstáculos, resolvemos anunciar a nossa glória quer no céu quer na terra. Por isso FP, se te dás assim por despedido, apenas te restará a amarga penitência de te sujeitares ao jugo do vilipêndio público, como quem diz, seres daqui em diante escarnecido por inaptidão em fazer sucumbir aos mais requintados vícios da carne quatro beatas católicas e...acima de tudo, decrépitas. Por isso, apenas te resta abjurar, repondo os posts aqui antes profanados de forma tão esquálida pela tua maldita pessoa, de modo a que assim e apenas assim possas retornar à cidade que confere o sentido da esperança e da paz à tua alma".

Quando a ira de Deus recai sobre cada um de nós - connosco não existem intermediários -, vigiando as nossas acções para que desse modo o zelo do nosso bem não seja fruto das frívolas e ignóbeis tentações de um momento, resta-nos a aceitação e o acto de denúncia perante paixões tão pérfidas que nos possam vir a assediar. Por essa mesma razão e, após cumprido o acto concupiscente de fornicar até à desmesura essas mesmas beatas que referiste, decidi reconciliar-me com o corpo e a matriz que define estes tão meritórios crentes da tua anunciada glória divina!

Wednesday, October 11, 2006

Unossomia? Não, obrigado!


Só depois de publicar o post anterior é que me apercebi de que algo de estranho se passou neste blogue. Não compreendi ao certo o quê mas, pelo que vejo, arrisco-me a ficar a escrever sozinho. Temporariamente, espero.

Como é óbvio, este facto criou-me de imediato ânsias de escrever mais de 23 mil caracteres com considerações variadas sobre o universo blogosférico, as vossas motivações neste espaço, os pressupostos que aqui nos uniram e por aí adiante. Mas, no fundo, toda essa dissertação pode resumir-se a um sincero e genuíno “DEIXEM-SE DE MERDAS”.

Não quero saber se há depressões, amuos, embirrações, ofensas a blogues alheios, textos que entram e textos que saem, discussões prévias sobre se se deve ou não publicar isto e/ou aquilo, se fulana de tal vai achar bem ou mal o que escrevemos ou dizemos... Não quero saber! Que se lixe! Se é para condicionar a minha acção neste espaço aos julgamentos, críticas e avaliações dos outros, então já me basta a rotina diária do trabalho...

Como tal, se mantenho a predisposição para continuar por aqui, é porque entendo que os objectivos do SadeNaMarquise são outros. Se me perguntarem quais são, muito sinceramente não saberei responder. Mas essa também pode ser uma boa premissa para a continuidade do projecto: uma demanda em busca do sentido de aqui estarmos juntos a escrever. Seremos nós capazes de encontrar o nosso Santo Graal? Provavelmente não. Mas, que diabo!, ao menos que retiremos algum prazer dessa caminhada. Façamos como os Monty Python. Eu faço já a minha parte e ofereço-me para ir atrás de vós, a bater com as metades de côco para simular o galope dos cavalos.

Eu não sou de direita, mas...

Quando o cabecilha deste cartel me pediu que indicasse alguns links para colocar na listagem de blogues que está aqui ao lado, hesitei em sugeri-lo. Não queria que me conotassem com tendências de direita e muito menos que me rotulassem de “porco fascista” – o que seguramente aconteceria, tendo em conta o que conheço dos meus convivas blogueiros.

Mas o post desta manhã fez-me sair do armário: gosto do blogue da Atlântico (http://www.revista-atlantico.blogspot.com/). Posso não concordar com 95% (vá lá... 75%) do que escrevem/dizem/defendem os seus colaboradores, mas gosto deles. Respeito as opiniões e os argumentos que as sustentam, mesmo quando acho que não têm razão. O que é raro em mim.

Mas, acima de tudo, gosto da Atlântico porque é dos poucos contrapesos válidos que a blogosfera nacional tem para equilibrar o predomínio dos opinadores e espaços de esquerda que por aí pululam. E, tendo em conta a vacuidade do discurso que, regra geral, pauta a esquerda cibernética que temos, às vezes dou por mim a espreitar este blogue para ler coisas que realmente me façam pensar. Mesmo que tudo aquilo que pense seja precisamente o contrário do que a Atlântico escreve.

Duas notas:
- para quem não sabe, a Atlântico é uma revista mensal de política, que aposta sobretudo em ensaios, reportagem, opinião... É de direita e o director é o Paulo Pinto Mascarenhas.
- para que conste, a última vez que me dignei a votar, o meu voto foi para o Bloco.

Tuesday, October 10, 2006

Com este texto antigo despeço-me. É um misto de análise com depoimento:

Depressão
O aspecto mais ignóbil de uma depressão é o seu estado de pura subjectividade que não permite ao paciente aceder às condições básicas da comunicação - recepção de códigos compreensíveis pelo interlocutor - em relação ao seu sentir patológico. Quem nunca experimentou não compreende! Sendo a comunicação, em condições de eficiência para os vários interlocutores, o requisito mais elementar para o estar em grupo e em associação com os outros, torna-se natural que, para o deprimido, o destino mais natural seja a exclusão - muitas vezes auto-exclusão - pois todos sentimos a necessidade de partilhar o que sentimos e, não havendo uma compreensão do fenómeno por parte do outro com quem partilhamos esse sentir, o paciente isola-se, na medida em que perde as faculdades que lhe permitem aceder à eficiência da comunicação (compreensão dos códigos por parte do emissor e receptor das mensagens).

Para isso, institucionaliza-se a doença, o que faz com que se crie um corpo de instituições, constituídas por vários especialistas, que permite o reconhecimento e a visibildade social da doença. A doença passa a ter um rosto, o paciente é catalogado e, inserido nesse espaço institucional, passa a ter a identidade de doente mental. Aí, as suas mensagens são codificadas, dissecadas, por forma a que o indivíduo se reconheça na sua nova identidade, pois é-lhe permitido um espaço de comunicação com todo o conjunto de especialistas que o reorientam para um um ponto bem específico do espaço social, o da relação entre médico/paciente, entre analista/analisado.

Esta naturalização institucional, remete-nos para uma das preocupações que orientou o trabalho intelectual de Foucault, a relação que se estabelece entre os saberes e o poder. Ou seja, de uma forma ou de outra, todos estamos submetidos a uma ordem disseminada de poderes/saberes. Em todo o campo institucional há uma ordem discursiva, uma episteme, que sanciona o que é dito e o que não é dito. No campo social da doença, os especialistas conduzem o doente para um discurso que os faz aceitar a sua nova identidade e que, em muitos casos, poderá ser uma identidade para a vida. É desta axiomática magnífica que a psiquiatria se alimenta.

É a vida de muitos que sofrem em silêncio! E um conselho: vivam plenamente as vossas vidas porque na verdade não há pachorra nenhuma para aturar quem padece disto!

Batida em retirada...


Foi o que aconteceu relativamente a muitos bons posts (realmente bons!)...
Desiludido estou, pois quando aqui são colocados sempre achei que se tornavam dos três. Nunca ninguém castrou fosse o que fosse. Quando havia dúvidas, eram discutidas e a decisão era tomada, quando possível, por todos... sinto que a trissomia perdeu o sentido que tinha para mim. Se a minha preocupação fosse apenas as bojardas que aqui coloco, arranjava o meu próprio espaço para me sentir especial...
Suspendo a minha participação neste blog...

Nobel da paz...


Logo no dia em que foi nomeado um Sul-Coreano como o próximo Secretário-Geral da O.N.U., temos conhecimento de uma explosão na Coreia do Norte. Se calhar, por essa razão e de forma a assinalar tão magnífico acontecimento, o regime de Pyongyang, através do seu líder, comandante supremo do exército e da defesa nacional - Kim-Jong Il (como bom vizinho que é), anuncia que o alegado teste nuclear que vinha ameaçando há muito, constituiu um marco histórico na defesa da paz e da estabilidade.
Como acho brilhantes estes argumentos e, embora, só seja anunciado o vencedor no Nobel da paz do ano de 2006 no próximo dia 13... quero já aqui deixar a minha nomeação para o mesmo.
Tal como Kim-Jong Il, também eu matava para ganhar o Nobel da paz!

Monday, October 09, 2006

Melhor número...

Há qualquer coisa no... (queria pôr aqui aquele sonzinh - blip - usado para não ofender as susceptibilidades)! Acho que é o círculo, o continuum, o mistério do infinito... além de que tão lá todos os outros!

Fescenismo

Se procurarmos fescenismo só encontraremos Fernando Assis Pacheco. E os escarninhos bem que são precisos para pôr na ordem os normaizinhos ou, como diria Sepúlveda, aqueles que ostentam tudo sem terem a mínima relação de afecto com os objectos. E aí, os normaizinhos são tão néscios que nem se apercebem e muito menos se questionam. Vergam-se risonhos perante a sua tão idiossincrática inanidade. E agora venham-me lá dizer que o idiossincrático sou eu que apenas me restará o prazer de vos mandar a todos foder!

sem vós teria sido uma agonia

quem o conhecia diz que era um génio:

"Pus-vos a mão um dia sem saber
que tão robusta e certa artilharia
iria pelos anos fora ser
sinal também de lêveda alegria

amigos meus colhões quanto prazer
veio até mim em vossa companhia
a hora que tiver já de morrer
morra feliz por tanta cortesia

adeus irmãos é tempo de ceder
à dura lei que manda arrefecer
o fogo leviano em que eu ardia

camaradas leais do bem foder
o brio a fleuma cumpre agradecer
sem vós teria sido uma agonia"

Fernando Assis Pacheco

ange

Paul Klee - Forgertful angel

"Je vis un ange blanc qui passait sur ma tête;

Son vol éblouissant apaisait la tempête,

Et fasait taire au loin la mer pleine de bruit

-Qu'est-ce que tu viens faire, ange, dans cette nuit?

Luis dis-je. - Il répondit: - je viens prendre ton âme.

Et j'eus peur, car je visque c'était une femme;
Et je lui dis, temblant et lui tendant les bras:
- Que me restera-t-il? car tu t'envolveras
Il ne repondit pas; le ciel que l'ombre assiège
S'étaignait...- Si tu prends mon âme, m'écriai-je,
Où l'emporteras-tu? montre-moi dans quel lieu
Il se taisait toujours - O passant du ciel bleu
Es-tu la mort? lui dis-je, ou bien es-tu la vie?
Et la nuit augmentait sur mon âme ravie,
Et l'ange devint noir, et dit: - Je suis l'amour.
Mais sont front sombre était plus charmant qu le jour,
Et je voyais, dans l'ombre où brillaient ses prunelles,
les astres à travers les plumes de ses ailes"
Victor Hugo