Tuesday, October 31, 2006
Criticas
Experiências - Gymnopédie Nº. 1 (Furniture music)
Aqui não há embate possível... Dando claramente a vitória ao pai Satie, ISAN consegue, no entanto, a mesma caixa de bailarina, o tão gentil som para adormecer os petizes.
Ambas suaves peças de música, de uma beleza atmosférica e elegância etérea, que nos fazem sentir que nem estamos a ouvir música... faz parte... apenas.
Monday, October 30, 2006
Sunday, October 29, 2006
Premiere
Após mais um caso peculiar de fama, com o mundo todo em consternação e desespero, surge um "milagre" que poderá evitar que mais casos destes surjam. Clive Owen, afasta por momentos a garrafa de whiskie e, com a ajuda de Michael Caine, o patriarca da marijuana, somos guiados para o Amanhã.
Num futuro Orwelliano, caracterizado por um controlo social opressivo, de índole de extrema.direita, os risos das crianças são substituídos pelo miar e ladrar daqueles que tomaram o seu lugar. A violência aí existente surge, por vezes, sem se esperar e faz-nos reagir tal a brutalidade visual. De câmara ao ombro, numa impressionante long-shot de guerrilha urbana ou numa emboscada, Cuarón filma o detalhe futurista da cinematografia de Lubezki. Os pormenores, referências e toda a informação estão presentes em cada cena, mas sem o exagero visual de ter que enfatizar Londres daqui a duas décadas. Um local soturno e não a sofisticada utopia que sempre sonhámos, embora com uma lindíssima luz natural de tonalidades azuis pálidos e cinzentos.
Com um elenco de luxo, Julianne Moore e Chiwetel Ejiofor, sobressai a presença de Caine que é a única personagem, a par do local onde vive, que transmite alguma alegria e luz a um filme sombrio. De realçar igualmente uma banda-sonora estranha, mas eficaz, onde surge Roots manuva como o representante musical da revolta.
No final, impõe-se a pergunta: quando toda a esperança se perde, pode um bater de coração, uma única pessoa fazer a diferença? Neste filme faz, sente-se essa mensagem subtil durante o tempo todo, por mais incerta que seja. Por isso, também a minha mensagem final é de esperança, por mais filmes honestos como este. Aos outros, já dizia Caine: "Pull my finger!"
Saturday, October 28, 2006
Na Gaveta...
Friday, October 27, 2006
Thursday, October 26, 2006
OPA À OPA!
Experiências - 4
Suporte vídeo-áudio para este primeiro embate!
No topo norte, Aphex Twin, a máquina, pesando toda a carga original do som que produz, secundado por David Firth que capta o momento para mais tarde recordar!
No topo sul, Alarm will sound, equipa-cover de 20 elementos capazes de ripostar qualquer ataque de metrelhadora electrónica com um pulsar frenético mas seguro de todos os seus clássicos instrumentos!
Quem sai vencedor?
Apenas digo... que espanto de bateria!
Wednesday, October 25, 2006
Tribalismos
Coisas
Anda tudo louco?
Goo
Reich
Tuesday, October 24, 2006
Perfurar...
Assim vai o jornalismo desportivo que temos...
Público, pág 29:
Título:Benfica SAD com passivo de 151 milhões
Início do texto: “A Benfica SAD terminou o exercício de 2005/2006 com um passivo de cerca 151 milhões de euros, mais 26,1 milhões do que a temporada transacta (um crescimento de cerca de 20 por cento).”
Site do Jornal de Negócios:
Título: Passivo agrava-se para os 151,86 milhões de euros; Prejuízos da Benfica SAD melhoram 79,1%
Início do texto: “Benfica SAD anunciou hoje que os que seus prejuízos do exercício 2005/2006 apresentaram uma melhoria de 79,1% face ao mesmo período do ano passado. O passivo da SAD encarnada agravou-se em 20,8% para os 151,86 milhões de euros.”
A BOLA, pág 15:
Título: “SAD reduz prejuízo sem vender estrelas”
Início do texto: “O Relatório e Contas da Sociedade Desportiva, do clube e as contas consolidadas, isto é os números de todo o universo benfiquista (clube, SAD, Benfica Estádio, Benfica SGPS, Benfica Multimédia e Benfica Comercial) foram ontem divulgados. Os resultados, aprovados por unanimidade, demonstraram uma redução do prejuízo da SAD na temporada 2005/2006, mesmo sem a venda de Simão. O passivo global do Benfica mantém-se na ordem dos 315 milhões de euros”.
Abstendo-me de comentar a disparidade dos títulos, chamo apenas a atenção para o facto de a entrada do texto d’A BOLA não discriminar o passivo da SAD (que aumentou para os tais 151 milhões), optando antes por englobá-lo (ou disfarçá-lo) no somatório de passivos de todo o universo empresarial do Benfica. O que não deixa de ser estranho, atendendo ao título escolhido para a peça.
Referência ao crescimento do passivo? Só de raspão, no último parágrafo da notícia. Mas até chegar a essa breve nota de rodapé informativo, existe todo um texto que deveria fazer corar de vergonha qualquer benfiquista isento. Lê-se, por exemplo, que “a venda do passe de um jogador como Simão, que esteve quase a sair para o Valência por verbas a rondar os 20 milhões de euros, possibilitaria, por si só, um resultado positivo” no exercício contabilístico da SAD. Pergunto: mesmo que isso fosse verdade (é?) o que é que o assunto tem a ver com dados factuais constantes num relatório e contas?
Depois, cita-se o vice-presidente do clube, Rui Cunha, para corroborar a tese: «Na cedência de direitos desportivos apenas realizámos um valor de pouco mais de sete milhões de euros, mas se aceitássemos as propostas que recebemos por um conjunto de jogadores que temos poderíamos aumentar significativamente esse montante.» Seria descabido perguntar ao senhor dirigente porque é que não venderam? Não teria interesse saber se foi por opção ou por incapacidade negocial? E porque raio não fez o jornalista esta pergunta? E porque é que ele também não perguntou se não é estranho que o passivo do clube tenha aumentado num ano em que a equipa fez a melhor carreira na Liga dos Campeões nos últimos 15 anos? Não convém? Raios partam a merda do compadrio!!!
Maria(s)
Monday, October 23, 2006
Notas para um livro que jamais será escrito
A melhor (e mais injustiçada) canção de amor de todos os tempos?
The plan it wasn't much of a plan
I just started walking
I had enough of this old town
had nothing else to do
It was one of those nights
you wonder how nobody died
we started talking
You didn't come here to have fun
you said: "well I just came for you"
But do you still love me?
do you feel the same
Do I have a chance
of doing that old dance
with someone I've been
pushing away
And touch we touched the soul
the very soul, the soul of what we were then
With the old schemes of shattered dreams
lying on the floor
You looked at me
no more than sympathy
my lies you have heard them
My stories you have laughed with
my clothes you have torn
And do you still love me?
do you feel the same
And do I have a chance
of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again
You lost that feeling
You want it again
More than I'm feeling
you'll never get
You've had a go at
all that you know
You lost that feeling
so come down and show
Don't say goodbye
let accusations fly
like in that movie
You know the one where Martin Sheen
waves his arm to the girl on the street
I once told a friend
that nothing really ends
no one can prove it
So I'm asking you now
could it possibly be
that you still love me?
And do you feel the same
Do I have a chance
of doing that old dance again
Is it too late for some of that romance again
Let's go away, we'll never have the chance again
I take it all from you
(Nothing Really Ends - Tom Barman/dEUS)
shvoong
Saturday, October 21, 2006
Friday, October 20, 2006
"Futebol: Mesmo"
É óbvio que a descarada costela sportinguista que pauta os seus textos ajuda a criar esta empatia. Mas, que diabo!, um sportinguista só pode aplaudir quem teve a coragem de escrever e publicar isto a propósito da saída do Hugo do Sporting:
Kimmo Pohjonen - Acordeão do Diabo
Thursday, October 19, 2006
Wednesday, October 18, 2006
Das que já saíram do estado natural
Os poetas do betão
Tuesday, October 17, 2006
Ainda o futebol...
CóCó
No prefácio à Edição Francesa do "Elogio da Intolerância", agora traduzido para português, obrigado Costa, Slavoj Zizek estabelece uma original relação entre as disposições de um povo e a forma como este lida com a sua actividade excrementícia, a saber, a merda que sai do ânus de cada indivíduo. Assim, enquanto que a configuração da sanita alemã apela para uma atitude de ambiguidade contemplativa que pode estar relacionada com a propensão que os Alemães têm para a metafísica, a configuração da sanita francesa apela para uma atitude de fazer desaparecer o mais rapidamente da vista tais excrementos desagradáveis, o que pode estar relacionado com a célebre propensão dos Franceses para o radicalismo revolucionário. Já os ingleses deixam que a merda fique a flutuar de forma bem visível sem que por isso deva ser contemplada ou observada, o que indica a típica atitude utilitarista anglo-saxónica no que se refere à economia. Zizek aborda este triângulo, pois, ao fim ao cabo, é aqui que assentam os pilares da civilização ocidental, fazendo com que um povo como o português seja, por razões óbvias, obnubilado.
Porém, das minhas pequenas e pouco profundas reflexões acerca da especificidade antropológica do povo português, saliento que, ao observarmos as sanitas das casas de banho públicas, podemos inferir dos portugueses uma clara propensão para a nostalgia, isto quando permanentemente confrontados com os já célebres resquícios de cócó que ficam colados no fundo da sanita. Pode chegar-se mesmo a considerar que esta específica relação com a excrescência, indica-nos um claro espectáculo de potlach público relativamente à merda, como se cada indivíduo que sai da casa de banho quisesse transmitir ao outro que vem a seguir a merda na qual todo o português está, de forma nostálgica, no presente e no passado, constantemente atolado.
Monday, October 16, 2006
Post nocturno
Sunday, October 15, 2006
No lugar certo
Enquanto uns são apanhados pela objectiva de Koudelka, outros, mais azarados, são pelo escrupuloso trabalho das nossas forças policiais. Uns sortudos, estes vetustos irlandeses!
Saturday, October 14, 2006
The bad plus
Friday, October 13, 2006
Estranhas e Belas "Isolations"
Body Isolations, o segundo álbum de Donato Wharton, vai transfigurando o corpo à medida que nos suspendemos na singularidade atmosférica de cada faixa. Entre a inquietude, o silêncio e a inércia, vamos sendo conduzidos por estados fragmentados que ganham particular significado à luz do detalhe. De um experimentalismo «suave», só aconselhável a gajos que não percebem nada de música,... como eu! Mas, mesmo assim, digo: - É muito bom!
O Almeida
Como acredito nas estatísticas, já que costumam estar 95% das vezes correctas, imagino a hipocrisia que não é em Portugal. E se o Alberto João ainda num faz destas... espero que um Marques Mendes ou Pinto Balsemão se arme também em Al Capone Tuga e denuncie os fazedores de leis no joelho, enquanto fumam uma ou dão uns tracinhos...
P.S. - Maior parte deles são uns charrados, já que apenas 4 dos 16 davam na coca...
Euzebiusz... Tal pai, tal filho
A Kid
Thursday, October 12, 2006
Burroughs... esse Guilherme Tell contemporâneo
Dadaísmo...
Com início nos anos 20, o movimento Dadaísta teve no poeta romeno Tristan Tzara, um dos seus maiores representantes. Aqui deixo a sua receita dada para um poema dada:
Repetição é a morte da arte...
Coisas pelas quais vale a pena pagar
Sem me alongar em considerandos sobre o futuro da imprensa ‘tradicional’ face aos desafios do online e da imprensa gratuita, limito-me a constatar que são exemplos como este que me fazem acreditar que haverá sempre mercado para os jornais pagos. Desde que, claro!, façam por merecer o facto de termos de desembolsar dinheiro para lê-los. E isso passará, sobretudo, pelas vertentes de opinião, reportagem e contextualização da notícia 'rotineira'.
Permito-me transcrever excertos dos artigos que motivaram este “post”:
Porque razão a democracia tem medo de Salazar? (Pacheco Pereira)
“(...) Por último, há uma razão muito simples, que ninguém quer admitir, e que tem a ver com a permanência nos valores mentais, nos hábitos da nossa democracia, dos quadros do Portugal de Salazar. Valores como o “respeitinho”, a hipocrisia pública, a retórica antipolítica, a tentação de considerar que o suprapartidário é bom, a obsessão pelo “consenso”, o medo da controvérsia, a cunha e a clientela, mesmo a corrupção pequena, a falta de espírito crítico desde as artes e letras até à imprensa e Igreja, tudo vem do quadro do salazarismo e reprodu-lo.”
Corrupções (Prado Coelho)
“Alberto João Jardim é um caso extraordinário. Ao vê-lo sentimos uma repulsa imensa por esta personagem não apenas demagógica mas rasteira e medíocre. Tem tido o dinheiro que quer sem prestar contas dele. Revela a mais total rejeição dos princípios democráticos.”
"Imagens de pessoas com música dentro"
Já agora, aqui fica outra sugestão de link para um blogue de que gosto. “Imagens de pessoas com música dentro”, da fotojornalista Rita Carmo, em ritacarmo.blogspot.com.
Se lá forem nos próximos dias peço é que não se assustem com a primeira imagem que aparece. É de um tal de Miguel Ângelo, vocalista de uns tais Delfins e (muito infelizmente!) autor da música do centenário de um tal de Sporting.
É pena que o blogue não seja actualizado mais frequentemente, para evitar este bizarro cartão de visita momentâneo. Mas acreditem que o resto vale a pena. Ou talvez não. Seja como for, o que interessa é que serviu-me de pretexto ideal para 'postar' aqui uma foto da miss PJ. E isso já não é mau.
agora...
e...
Os pensadores massíficos
Fashion
A diligente higiene espiritual do Dandy
"A mulher é o oposto do Dandy.Por isso ela nos deve causar repulsa.Se uma mulher sente fome apetece-lhe logo comer - e se tem
sede bebe.Em cio quer ser fodida.Que glória!A mulher é natural, isto é, abominável.Por isso mesmo ela é sempre vulgar, ou seja, o contrário de
um Dandy".
Anxiety
Despedimento?! Claro que não...Nunca!
"Porque nos reconhecemos calvinistas, predestinados à eterna
glória
a que Deus nos votou, crentes de que a abnegação ética deste nosso
trabalho nos trará a salvação e o reconforto do Céu, não iremos desistir,
não
iremos baixar os braços e sucumbir diante de tão sórdidas maleitas
a
que nos
possam querer vir submeter;
Porque entendemos que transportamos um legado, uma ética irreconciliável com a renúncia aquando do confronto com o mais caprichoso dos obstáculos, resolvemos anunciar a nossa glória quer no céu quer na terra. Por isso FP, se te dás assim por despedido, apenas te restará a amarga penitência de te sujeitares ao jugo do vilipêndio público, como quem diz, seres daqui em diante escarnecido por inaptidão em fazer sucumbir aos mais requintados vícios da carne quatro beatas católicas e...acima de tudo, decrépitas. Por isso, apenas te resta abjurar, repondo os posts aqui antes profanados de forma tão esquálida pela tua maldita pessoa, de modo a que assim e apenas assim possas retornar à cidade que confere o sentido da esperança e da paz à tua alma".
Quando a ira de Deus recai sobre cada um de nós - connosco não existem intermediários -, vigiando as nossas acções para que desse modo o zelo do nosso bem não seja fruto das frívolas e ignóbeis tentações de um momento, resta-nos a aceitação e o acto de denúncia perante paixões tão pérfidas que nos possam vir a assediar. Por essa mesma razão e, após cumprido o acto concupiscente de fornicar até à desmesura essas mesmas beatas que referiste, decidi reconciliar-me com o corpo e a matriz que define estes tão meritórios crentes da tua anunciada glória divina!
Wednesday, October 11, 2006
Unossomia? Não, obrigado!
Só depois de publicar o post anterior é que me apercebi de que algo de estranho se passou neste blogue. Não compreendi ao certo o quê mas, pelo que vejo, arrisco-me a ficar a escrever sozinho. Temporariamente, espero.
Como é óbvio, este facto criou-me de imediato ânsias de escrever mais de 23 mil caracteres com considerações variadas sobre o universo blogosférico, as vossas motivações neste espaço, os pressupostos que aqui nos uniram e por aí adiante. Mas, no fundo, toda essa dissertação pode resumir-se a um sincero e genuíno “DEIXEM-SE DE MERDAS”.
Não quero saber se há depressões, amuos, embirrações, ofensas a blogues alheios, textos que entram e textos que saem, discussões prévias sobre se se deve ou não publicar isto e/ou aquilo, se fulana de tal vai achar bem ou mal o que escrevemos ou dizemos... Não quero saber! Que se lixe! Se é para condicionar a minha acção neste espaço aos julgamentos, críticas e avaliações dos outros, então já me basta a rotina diária do trabalho...
Como tal, se mantenho a predisposição para continuar por aqui, é porque entendo que os objectivos do SadeNaMarquise são outros. Se me perguntarem quais são, muito sinceramente não saberei responder. Mas essa também pode ser uma boa premissa para a continuidade do projecto: uma demanda em busca do sentido de aqui estarmos juntos a escrever. Seremos nós capazes de encontrar o nosso Santo Graal? Provavelmente não. Mas, que diabo!, ao menos que retiremos algum prazer dessa caminhada. Façamos como os Monty Python. Eu faço já a minha parte e ofereço-me para ir atrás de vós, a bater com as metades de côco para simular o galope dos cavalos.
Eu não sou de direita, mas...
Mas o post desta manhã fez-me sair do armário: gosto do blogue da Atlântico (http://www.revista-atlantico.blogspot.com/). Posso não concordar com 95% (vá lá... 75%) do que escrevem/dizem/defendem os seus colaboradores, mas gosto deles. Respeito as opiniões e os argumentos que as sustentam, mesmo quando acho que não têm razão. O que é raro em mim.
Mas, acima de tudo, gosto da Atlântico porque é dos poucos contrapesos válidos que a blogosfera nacional tem para equilibrar o predomínio dos opinadores e espaços de esquerda que por aí pululam. E, tendo em conta a vacuidade do discurso que, regra geral, pauta a esquerda cibernética que temos, às vezes dou por mim a espreitar este blogue para ler coisas que realmente me façam pensar. Mesmo que tudo aquilo que pense seja precisamente o contrário do que a Atlântico escreve.
Duas notas:
- para quem não sabe, a Atlântico é uma revista mensal de política, que aposta sobretudo em ensaios, reportagem, opinião... É de direita e o director é o Paulo Pinto Mascarenhas.
- para que conste, a última vez que me dignei a votar, o meu voto foi para o Bloco.
Tuesday, October 10, 2006
O aspecto mais ignóbil de uma depressão é o seu estado de pura subjectividade que não permite ao paciente aceder às condições básicas da comunicação - recepção de códigos compreensíveis pelo interlocutor - em relação ao seu sentir patológico. Quem nunca experimentou não compreende! Sendo a comunicação, em condições de eficiência para os vários interlocutores, o requisito mais elementar para o estar em grupo e em associação com os outros, torna-se natural que, para o deprimido, o destino mais natural seja a exclusão - muitas vezes auto-exclusão - pois todos sentimos a necessidade de partilhar o que sentimos e, não havendo uma compreensão do fenómeno por parte do outro com quem partilhamos esse sentir, o paciente isola-se, na medida em que perde as faculdades que lhe permitem aceder à eficiência da comunicação (compreensão dos códigos por parte do emissor e receptor das mensagens).
Para isso, institucionaliza-se a doença, o que faz com que se crie um corpo de instituições, constituídas por vários especialistas, que permite o reconhecimento e a visibildade social da doença. A doença passa a ter um rosto, o paciente é catalogado e, inserido nesse espaço institucional, passa a ter a identidade de doente mental. Aí, as suas mensagens são codificadas, dissecadas, por forma a que o indivíduo se reconheça na sua nova identidade, pois é-lhe permitido um espaço de comunicação com todo o conjunto de especialistas que o reorientam para um um ponto bem específico do espaço social, o da relação entre médico/paciente, entre analista/analisado.
Esta naturalização institucional, remete-nos para uma das preocupações que orientou o trabalho intelectual de Foucault, a relação que se estabelece entre os saberes e o poder. Ou seja, de uma forma ou de outra, todos estamos submetidos a uma ordem disseminada de poderes/saberes. Em todo o campo institucional há uma ordem discursiva, uma episteme, que sanciona o que é dito e o que não é dito. No campo social da doença, os especialistas conduzem o doente para um discurso que os faz aceitar a sua nova identidade e que, em muitos casos, poderá ser uma identidade para a vida. É desta axiomática magnífica que a psiquiatria se alimenta.
É a vida de muitos que sofrem em silêncio! E um conselho: vivam plenamente as vossas vidas porque na verdade não há pachorra nenhuma para aturar quem padece disto!
Batida em retirada...
Nobel da paz...
Monday, October 09, 2006
Fescenismo
sem vós teria sido uma agonia
"Pus-vos a mão um dia sem saber
que tão robusta e certa artilharia
iria pelos anos fora ser
sinal também de lêveda alegria
amigos meus colhões quanto prazer
veio até mim em vossa companhia
a hora que tiver já de morrer
morra feliz por tanta cortesia
adeus irmãos é tempo de ceder
à dura lei que manda arrefecer
o fogo leviano em que eu ardia
camaradas leais do bem foder
o brio a fleuma cumpre agradecer
sem vós teria sido uma agonia"
Fernando Assis Pacheco
ange
"Je vis un ange blanc qui passait sur ma tête;
Son vol éblouissant apaisait la tempête,
Et fasait taire au loin la mer pleine de bruit
-Qu'est-ce que tu viens faire, ange, dans cette nuit?
Luis dis-je. - Il répondit: - je viens prendre ton âme.
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