Wednesday, January 31, 2007

"You gotta hear this one song - it'll change your life!"

Assim o sentia Natalie Portman em Garden State...
Há que ter em conta a personagem em questão para entender tamanha afirmação. Mas, a verdade é que não me cansa a sua beleza e ouço-a à exaustão.
Saiu novo álbum e assim como nos outros dois, há pérolas a descobrir... Wincing the Night Away

Tuesday, January 30, 2007

Adorei saber a do gajo que herdou um quadro e um violino que mais tarde veio a saber tratar-se de um Rembrandt e de um Stradivarius!
Infelizmente, Rembrandt construiu violinos de merda e Stradivarius não sabia pintar...

Friday, January 26, 2007

Sapere aude foi o justo conselho deixado por Kant para não pensar por delegação.

Xiu

A propósito da algazarra acerca do referendo, leia-se o excelente artigo de JPP publicado ontem no Público. Às vezes é melhor dizer apenas: "porque sim" ou "porque não". Vá lá, não esforcem muito as cabecinhas. Habituados que estão a pensar por delegação e armam-se logo agora naquilo que não são. Até parece que em cada estafermo pensante esteve adormecido um prolixo pensador.

Wednesday, January 24, 2007

Os novos Eusebiozinhos (refiro-me a uma das personagens mais cretinas do Eça, claro)

Quando li isto, confesso que a comoção me ia levando às lágrimas. Passada a emoção inicial, fiz a tal ruptura epistemológica necessária ao espírito cintífico e dei por mim a dialogar com um dos meus espermatozóides preferidos que, de forma querida e fofa, atirou: «Papá, papá dá-me um grande abraço, pois acabei de sentir que já tenho consciência de mim».
E, aproveito para salientar que, caso o livro do "Blogue do Não" não possua imagens da aparição da Nossa Senhora de Fátima, será de um mau gosto imperdoável, pois este fenómeno é um dos grandes pilares do espírito científico tão caro à Igreja Católica e seus coerentes seguidores.

Monday, January 22, 2007

Trajectos

Bernard Stiegler


Quero, antes de mais, sublinhar que o post do meu companheiro de blog não irá condicionar em nada aquilo que irei aqui escrever no futuro. Por uma razão muito simples: não tenho qualquer pachorra para andar a discutir aqueles assuntos consensualmente pertinentes como quem quer retirar daí algum protagonismo, nem que para isso sejam proferidas as mais soberbas banalidades por quem, de direito, já conquistou o seu lugar ao sol na blogosfera. Poderia dar alguns exemplos sobre a mais recente discussão sobre a IVG, mas não. Prefiro recuar um pouco tempo e recordar alguns posts do blog Atlântico sobre o que seria a Belle France e a França de merda. No primeiro caso, mostravam-se capas de alguns livros de Raymond Aron. No segundo, bem, aí não me recordo, mas sendo figuras tão sábias devem ter colocado capas de livros do Althusser, do Foucault, do Deleuze e, por que não, do Onfray. Tudo, porque com toda a certeza já os leram, e daí retiraram as mais brilhantes conclusões: "lá vêm estes tipos querer desmontar as engrenagens sociais, quando todos sabemos que o mercado a funcionar livremente é que é bom e qualquer outra forma de conceber a sociedade é pura e simplesmente um logro". Ou, "os terroristas são uns mauzões e, como tal, os E.U.A. têm é que promover guerras à grande para que possamos defender o estilo de vida das sociedades ocidentais". Basta observar a postura dos E.U.A em relação à Coreia do Norte, onde o respeito pelos Direitos humanos é nulo, para ficarmos mais elucidados acerca coerência discursiva da direita lusa militante que, diga-se com propriedade, é uma das que na Europa mimetiza mais o discurso de Bush. E, com isto, está tudo dito.


Bom, mas como não vim aqui escrever para falar do sistema de "massagens" instituído na blogosfera portuguesa, sigamos em frente. Domingo, li na "notícias magazine" que o Centro Pompidou comemora este mês trinta anos e, aproveito o facto, para dizer algo sobre aquele que é actualmente o director do departamento para o desenvolvimento cultural dessa instituição. E porquê falar dele, quando o Centro Pompidou, pela sua história e arquitectura, nunca poderá ser reduzido a uma figura do presente? Pela razão de ser Bernard Stiegler, homem que teve um percurso de vida bastante curioso, senão mesmo fascinante.


Aquando jovem, Stiegler foi proprietário de um bar e, durante esse período, dedicou-se de alma e coração àquilo que um dos mais eminentes representantes das letras drogadas (esta expressão é do grande Vila-Matas), Charles Baudelaire, designou por "paraísos artificiais". Arruinado e com as contas canceladas, Stiegler não se fez rogado e prontificou-se a assaltar o banco. Não contente com isso, assaltou mais uns 5 ou 6, tendo sido, posteriormente, detido. Cumpriu uma pena de prisão e saiu 7 anos mais tarde por bom comportamento. Durante esse período, Stiegler dedicou-se exaustivamente à leitura, tendo completado os seus estudos oficiais neste curioso regime de "internato". Ao sair, não fez a coisa por menos e foi falar precisamente com Derrida que, a pedido do jovem, aceitou orientar a sua tese académica. Confrontado com o seu passado, Stiegler confessa: «a melhor coisa que me aconteceu na vida foi ter estado preso». E, de facto, foi! Bernard Stiegler é actualmente um dos mais prolíficos filósofos franceses e, para além do cargo que já referi, é também director do IRCAM (Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique).


Bem sei que este não é um assunto fracturante que vá dar azo a muitos comentários, mas tinha de o escrever para sublinhar que, ao contrário do que nos possam fazer crer, nem todos os trajectos de vida terão de ser lineares.


Nota: Stiegler tem um livro publicado em Portugal, pela Editora Vendaval.

Friday, January 19, 2007

ECO, Eco, Eco, eco, ec....

Meus amigos, companheiros de blog, portuguesas e portugueses:

Sejamos frontais: este blog é uma merda!

Estive há pouco a fazer um curto exercício e tive de chegar a esta dolorosa conclusão. Durante sensivelmente meia hora, fiz uma pesquisa entre os 56 blogs que tenho na minha pastinha de “favoritos” e constatei que são quase inexistentes os blogs cujos posts têm menos comentários do que nós. E faço questão de sublinhar que uso a expressão “quase inexistentes” porque decidi incluir nestas contas os blogs que não permitem comentários.

Durante este traumático processo de investigação, constatei igualmente que o sucesso dos blogs é medido pela seguinte conjugação de factores: número de comentários aos posts + relevância e actualidade dos temas abordados + citações em blogs alheios + capacidade de gerar polémicas entre blogs + colaboração de bloggers com o mínimo de reconhecimento público + citações em jornais. Sendo que a subjectividade de todos estes factores não me permite situar com exactidão numérica o patamar em que estamos no ranking de penetração blogosférica, permito-me, no entanto, vaticinar que estamos claramente nos antípodas do sucesso.

Se bem vos conheço, nesta fase da leitura estão já vocês a pensar algo do género “eu escrevo aqui por gozo pessoal e não me move qualquer necessidade de reconhecimento público”. Eu também pensei nisso. É legítimo. Mas também é estúpido. Porque se escrevemos num espaço público, não faz sentido assumir a postura blasé do “tanto me faz que leiam esta merda ou não”. É mentira.

Chegado a esta ponto do meu raciocínio, coloquei-me algumas questões. Porque é que há blogs onde, mesmo escrevendo-se com os pés, existem mais visitas e comentários do que no Sade Na Marquise? Porque é que há blogs que, mesmo repletos de opiniões desinteressantes e miméticas, conseguem marcar presença nas discussões mais acesas da blogosfera? Porque é que há blogs que, limitando-se a debitar banalidades íntimas em forma de pensamentos filosoficamente profundos, conseguem ser citados e discutidos em todo o lado? E, finalmente, a pergunta mais importante e que resume tudo isto: que caralho estamos nós a fazer mal?

Pensei, meus amigos, pensei. E a solução só pode ser uma: se queremos ser grandes, se queremos ser respeitados, se queremos sair deste buraco escuro onde as nossas palavras embatem numa muralha de eco, temos de adoptar uma postura mais agressiva. Temos de fazer marcação cerrada. Temos de ser consistentes na procura de atenção. Temos lutar pelo nosso direito de reclamar algum feedback. Temos de fazer por ser notados.

Posto isto, vou agora ali ao blog do Pedro Mexia dizer-lhe que o gajo é um balofo larilas. Fico à espera que vocês façam a vossa parte.
Actualização: Foda-se... o blog dele também não aceita comentários...

Para insubmissos



Quem o ler, se aceitar as suas propostas, nunca mais será o mesmo. Porquê? Porque todas as suas palavras apontam para a singularidade, para a diferença, para a despesa, no sentido Batailliano do termo, em oposição à submissão em relação a estruturas tão cristalizadas como o trabalho, a família, o Estado e essas merdas todas que nos impõem para que possamos salvaguardar uma "verdade" que convém aos apóstolos do sedentarismo ético, essa coisa que mata o prazer e temporiza cada sequência dos nossos passos. Ele está aqui ao lado, chama-se Michel Onfray e é, na teoria e na prática, o grande intelectual insubmisso contemporâneo. Por cá, alguns falam mal do homem, mas quando a dor de cotovelo é grande, nada como a crítica reles para aliviar a própria mediocridade.

Thursday, January 18, 2007

8 - Vertical - Que tem forma de cone...


Um dos meus prazeres diários é tentar fazer as palavras cruzadas do Jornal Público (o outro é agarrar aquele pêlo mais saliente da narina esquerda com o propósito de provocar o espirro... e espirrar... e espirrar).

Mas escrevo sobre aquelas sem quadradinhos pretos a delimitar as barreiras da colocação do vocábulo. As outras deixo para quem gosta da merda do Sudoku...

Isto, para dizer que foi com um enorme sorriso que hoje coloquei a resposta ao título deste post neste meu passatempo. E como já devem ter adivinhado, não fui nem um pouco: Enconado!

Tuesday, January 16, 2007

Psicopatologias (no meu caso)

E, se de repente, enquanto passeio pela rua, de mãos nos bolsos, descontraído no andar, assobiando a última música que me ficou na cabeça (no caso Unidiú de João Gilberto), sorrio e cumprimento quem por mim passa e reage ao meu comportamento ao ponto de apressar o passo, isso é:
a) Assédio sexual
b) Uma psicopatologia gravíssima
c) Campanha política abortiva
d) Alguém que se prepara para cravar algo
e) Desculpe, foi engano!
Uma destas, há-de ser de certeza! Só pode haver um motivo obscuro, velado, bizarro para uma cena destas! Mas já que na maior parte das vezes vivemos como eremitas urbanos, fechados na nossa rede segura de amigos/contactos/colegas, tento, de vez em quando, furar o esquema como aconteceu hoje...
Gosto deste tipo de resoluções! Cumprimentar um estranho, oferecer um gesto de simpatia inesperado, sorrir quando não é suposto, assobiar como um pateta alegre, ladrar quando menos se espera, comer caracóis pelo nariz só porque sim!
E por hoje chega de xaropadas de dramas pessoais e partilha de sentimentos... mandei-os tirar juntamente com as amígdalas...

Monday, January 15, 2007

Mueck

Descobri o hiper-realismo exagerado na sua escala!

O futebol...

... esse fenómeno tão incompreendido por alguma elite (?) intelectual e ao mesmo tempo tão único na capacidade de mexer com as emoções de todos nós... Capello e os adeptos do Real Madrid que o digam.

Friday, January 12, 2007

Vou votar ‘Sim’ e não quero mais ouvir falar no assunto

Tenho uma má relação com a discussão pública de temas fracturantes. Não raras vezes, esgota-se-me a paciência para ver/ler/ouvir os argumentos de todos os lados da questão. E estou cada vez mais convicto de que o problema não é meu, mas sim dos intérpretes da discussão em causa.

Não sei se é um fenómeno exclusivamente português, mas o tom da discussão e o nível da argumentação resvalam invariavelmente para a ‘mão na anca’. Os decibéis sobrepõem-se à razão. A demagogia engole tudo e todos. E, como é óbvio, a discussão em torno do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez não está a ser excepção à regra. A esmagadora maioria dos intervenientes no debate parece não se interessar verdadeiramente no tema em si, dando antes prioridade à vitória do seu argumento em prejuízo do argumento adversário.

Faltando sensivelmente um mês para que os portugueses se pronunciem nas urnas, temo pela forma como vai evoluir a apresentação dos pontos de vista dos que são contra e dos que são a favor. Por isso decidi antecipar-me. Para mim, a campanha em torno da questão do aborto já acabou. Foi ontem. Demito-me de participar na discussão. E, sobretudo, de ouvi-la. Sem qualquer tipo de hesitação, a minha decisão está tomada. Voto ‘Sim’. Agora fico só à espera dos resultados. Até lá, estou-me pouco borrifando para os teus argumentos. E para os teus. E para os teus também. E para os dele. E os do outro. E os daquele...

“Dadinho é o caralho! Meu nome agora é Zé Pequeno, porra!”

Um projecto porreiro para um blog: aproveitar as virtudes do youtube e seleccionar as cenas que mais nos marcaram nos filmes da nossa vida.

A ideia já foi materializada por cá (não sei se também no estrangeiro), no blog As Cenas da Minha Vida. Gosto. E aconselho.

(E sim, o título deste post deve-se ao facto de, após a visita ao blog, não conseguir tirar da cabeça esta deliciosa frase do filme Cidade de Deus)

Wednesday, January 10, 2007

Sugestivo

Apocalypto, não é um sacerdote a arrancar um coração, nem um animal selvagem que devora sofregamente um rosto humano ou uma pancada seca que esmaga um crâneo.
Irreversible, não é uma cena de violação num túnel vermelho em Paris, nem um tipo acabar com a cara e vida de outro com um extintor.
Para mim, são o que não se vê e só se ouve em Reservoir dogs, onde Mr. Blonde corta à navalhada uma orelha ao som de "Stuck in the middle with you".
Ou em American History X, quando Edward Norton põe a boca de um tipo no lancil do passeio antes de lhe acarinhar a nuca com a sola da sua DocMarten's.
E como prefiro a imaginação... fica aqui a sugestão...
P.S. - No caso de Tarantino, é ainda mais certeira a não visualização da cena através da aplicação da música no momento exacto. É que, as imagens e o som, tal como o impacto que essa combinação provoca, permanecem para sempre indissociáveis. Não consigo evitar a conotação violenta que obtém a ligeirinha música em reacção química com a mais atroz projecção mental individual do momento sangrento da decepação. Que belo horrível...

Friday, January 05, 2007


As abstracções

A forma como o Saddam foi executado bem como a difusão vergonhosa daquelas imagens pelo mundo inteiro é o claro sinal que aquilo que os Estados Unidos foram fazer para o Iraque foi implementar os tão nobres valores democráticos apoiados pelos tão abstractos Direitos Humanos. Abstractos, repito, abstractos; idealismos circunstanciais. Matou-se o ditador e eis a democracia no seu esplendor. Mais tortuoso para a mente é o espectáculo decadente que é a posição oficial americana ao lavar as mãos de tudo aquilo que por eles foi congeminado. Viva o realismo político!

Thursday, January 04, 2007

Um apelo cinematográfico

Se estivéssemos nos Estados Unidos, as grandes majors de cinema já estariam, seguramente, num frenético jogo de propostas e contrapropostas para garantir os direitos exclusivos sobre a história do serial killer de Santa Comba Dão.

Mas não estamos. É um facto. E embora as travessuras do ex-GNR António Costa tenham todos os ingredientes de um guião para um ‘filme negro’ de excelência, receio que o tema se esgote apenas em duas ou três ‘reportagens-fast-food’, exibidas dentro de alguns meses na TVI, na SIC ou na RTP. Com títulos sugestivos e elaborados como “Morando ao lado do inimigo”. Apelando à lágrima fácil. Instigando o julgamento sumário e banal da populaça, passageiramente horrorizada com aquela “personificação do diabo” que lhes entra pela casa adentro antes de mais um episódio da novela.

Não me parece justo que isso aconteça. Está na hora de começarmos a honrar a memória do lado negro deste Portugal em que vivemos. Deixo aqui, por isso, o apelo para que alguém se chegue à frente e ponha mãos à obra na tarefa de estruturar o projecto de criação de um filme que faça jus à qualidade da matéria prima que temos em mãos. O cinema português precisa de vocês.

PS: Na eventualidade de algum ‘cérebro’ da SIC ou da TVI colocar os olhos nisto, é favor ignorar a ideia ou fazer de conta que este post serve como pré-reserva para garantia de direitos de autor. Não é por mal, mas iria custar-me ver esta história desperdiçada num telefilme ‘inspirado em factos da vida real’, adaptado a um qualquer subúrbio de Lisboa e com uma banda sonora hip hop a acompanhar as aventuras de um António Costa ‘dread’ que desata a chacinar ‘damas’ depois de perder uma ‘batalha de freestyle’ numa boite manhosa.

Here We Go Again

Leio os jornais e as revistas. Faço um zapping na televisão. Ouço um pouco de rádio. Falo com amigos, colegas e família. Escrevo umas merdas no trabalho. Espreito uns quantos blogs. Na rua, cruzo-me com breves conversas de circunstância. Interiormente, mantenho as minhas breves reflexões de circunstância.

Já estamos a meio do quarto dia de 2007 e ainda não vi nada de novo no dito “ano novo”. E creio não estar a precipitar-me. Cresce em mim a convicção de que, no essencial, tudo continuará na mesma nos próximos 361 dias. Isso aborrece-me.

Os andares passam e...

"C'est l'histoire d'un mec qui tombe d'un immeuble de cinquante étages, et qui au fur et à mesure de sa chute se répète sans cesse pour se rassurer : Jusqu'ici, tout va bien… Jusqu'ici, tout va bien… Mais l'important c'est pas la chute… C'est l'atterrissage"

Wednesday, January 03, 2007

A mulher...

...usa a sua inteligência para encontrar razões que suportem a sua intuição.
São irracionais, emocionais, imprevisíveis, instáveis.
É uma cena hormonal.
Ou estão para ter o período, ou têm o período ou encontram-se em fase pós-menstrual.
Têm sensivelmente duas semanas por mês de relativa sanidade...
... e nalgumas, nem isso...

Escalarecimento



No meu post anterior fui um pouco presunçoso com aquela coisa dos hapax, mas para que fiquem elucidados acerca da questão enviem mails para todos os intervenientes do programa "Eixo do Mal", pois como grandes intelectuais que são, Clara Ferreira Alves, José Júdice, Luís Pedro Nunes, Daniel Oliveira (filho do poeta Herberto Helder, a genética afinal não explica tudo) e, vá lá, o coisinho dos óculos, explicar-vos-ão tudo ao pormenor. Sobre esta corja que tem uma profundidade intelectual na proporção inversa da sua enorme pompa e presunção, nada como citar a epígrafe de um artigo do Michel Onfray publicado em 2004: "Um caminho para levar o pensamento crítico dos filósofos realmente dignos desse nome ao grande público e resistir à omnipresença mediática de intelectuais de segunda categoria ao serviço do poder". É que a presunção e vacuidade daquela gente é de tal ordem que uma entidade reguladora devia agir em nome da integridade intelectual de qualquer cidadão que não tenha um Q.I. abaixo dos 100 valores, pois do que esta gente sofre mesmo é do sídrome do Amadis Dudu do "Outono em Pequim" do Boris Vian que, para quem não leu, era um verdadeiro anormal..

MEC

Retribuindo o favor, dedico este post ao FP, que sempre soube que tinha que ler, mesmo quando não tinha dinheiro para comprar os tais livros!
Imaginando-o na sua época estudantil como um fervoroso religioso, vejo-o a rezar todas as noites por aquela obra. Depois, toma consciência que não é assim que as coisas funcionam. Então, rouba todos os livros que precisa e reza para que o perdoem...

Perdoado, deixo aqui uma pequena delícia da saborosa entrevista dada pelo Miguel a Morel. E, como também orgulho-me de poder escrever certos recados em bom português, aqui vai:

"É como com o corpo da mulher que nós amamos. Ao fim de dois anos de observação atenta, descobres uma linha qualquer em que não tinhas reparado e não é o defeito que tu vês, mas uma coisa bela que tu encontraste, uma coisa nova. Ofusca-te e não vês o defeito."
P.S. - Agora vejo...

Tuesday, January 02, 2007

Bom Ano?!

Este texto é especialmente dedicado ao meu grande amigo Jorinhs que colocou um jovial sorriso no rosto e tornou possível um ano des-continuum neste blogue. E vivam os hapax existenciais! se não sabem o que é, olha, temos pena!
Comemorar a entrada num novo ano é sempre algo que carrega a sua dose de absurdo porque existe um continuum entre o dia 31 e o dia 1, ou seja, não há nada que me faça crer que após o regozijo das massas com os já tão estafados espectáculos pirotécnicos venha daí uma ruptura que, como diria uma candidata a miss ao estudar o discurso no caso de uma eventual vitória: «faça com que se acabe a fome no mundo, as guerras, a pestilência, as crianças subnutridas, a violência doméstica tanto da parte dos homens como da parte das mulheres, sim, porque esta também existe, está é mais camuflada». Bom, devia ter terminado as aspas muito antes porque uma miss não teria estofo para dizer tanta coisa, pois isso seria entrar num mundo panglossiano que conciliaria a gaja boa com a gaja que pensa e, a haver mulheres assim, não acredito que se exponham a espectáculos tão decadentes.
Mas todos nós sabemos que é na festa que o povo amansa e esquece as agruras do seu quotidiano triste e carregado de misérias psíquicas pelo horizonte pobre que é a sua perspectiva do real, todo ele contaminado por aquilo que Perniola denominou por mediacracia e que faz com que a experiência do sentir não seja algo de íntimo, que venha do interior de cada um, mas algo que já está pré-estabelecido pela máquina sensológica, que nas sociedades pós-industriais faz com as sensações aquilo que a burocracia fazia quando o Estado tinha de organizar a acção dos indivíduos. O que quero dizer é que, nos dias de hoje, há uma máquina que organiza aquilo que as pessoas vão sentir e para exemplificar, posso afirmar que quando saí de casa no domingo à noite já sabia e antecipava o que me esperava. Sabia que ia enfardar e beber de modo pouco frugal, sabia que ia ver mais parolos na rua do que é habitual e sabia que todos esses mesmos parolos iam tentar colocar uma pose de falsa de felicidade, ou seja, como um pacto que diz: «Nesta noite, mesmo que te caia um braço e violem a tua avó tens de estar feliz e animadinho! Não te quero ver assim triste, está bem? prometes?!». E, depois disto tudo, o que lhes resta? Eu repondo, o vazio. Porque no dia 2 vão ter de aturar a besta do chefe, as indisposições sexuais da esposa, o crédito para pagar a televisão plasma porque o vizinho comprou uma e eles não querem ficar atrás.
Por isto e por muito mais, aqui na trissomia resolvemos mandar à merda o calendário gregoriano e num acto de imponderada loucura estamos a pensar recuar a 1793 para reinstaurarmos o calendário revolucionário republicano, pois seria a melhor forma de comemorar com as pessoas de uma forma mais genuína. Primeiro, porque pouca gente sabe o que foi a Revolução. Segundo, porque muito menos gente sabe que durante doze anos o calendário gregoriano foi substituído pelo calendário da Revolution. Dessa forma, haveria menos gente a desejar-nos hipocritamente um excelente novo ano, quando no dia-a-dia passam por nós e pensam que somos o Luís, quando afinal somos o Pedro. Enfim, mas é sempre bom haver uma noite de suspensão dos rancores para esboçarmos os pré-fabricados sorrisos da felicidade! Como tal, desejo tudo de bom para o instante porque para as almas intempestivas não há passado nem futuro.