Sunday, April 27, 2008

Para mim, valeu a pena esperar

Third é o terceiro álbum dos Portishead. Só ontem tive a oportunidade de o ouvir. E, logo no primeiro momento, fiquei rendido. Há quem defenda que, após um interregno de 11 anos, seria de esperar mais do trio de Bristol. Pela minha parte, penso que a duração do período sabático não deve estar entre as variáveis a incluir nestas contas. Isto porque é estar a produzir um juízo sempre com base no Dummy e no Portishead. E, isso, é anacrónico. É verdade que, em conjunto com Tricky, Massive Attack ou Howie B, foram eles a marcar o que se fez de bom (muito bom, aliás) na década de 90. Mas, porra, não é bem por aí que devemos ir. Não é, definitivamente.

Mais complexo, mais denso e com novas texturas sonoras, e nesse capítulo Geoff Barrow está de parabéns, o álbum tem momentos verdadeiramente extáticos ou hipnóticos, se preferirem. Num post que li sobre o assunto, o autor (não foi o Paulo Querido, desiludam-se, o que daria logo outra credibilidade à análise. Ainda para mais tratando-se de um homem que navega pela web desde 1989. Data simbólica e que me leva a arriscar que foi ele um dos responsáveis pela queda do Muro de Berlim) refere que, para o comporem, os Portishead devem ter substituído o álcool e os fumos pelo LSD. A ser verdade, e se isso tem alguma influência no processo criativo (não o de vender detergentes, note-se), fizeram muito bem. A mesma pessoa defendia que também há ali algo que faz lembrar os Pink Floyd de Syd Barrett (os Pink do Barrett, sublinhe-se, porque tudo o resto é uma merda. E há quem, não conhecendo essa diferença, torça logo o nariz quando se fala de uma banda que no final da década de 60 deixou tudo feito para os vindouros explorarem), sendo isso evidente na faixa We Carry On. Também pensei sobre o assunto, mas não o quis escrever logo, pois tive o receio de ser brindado com insultos do género: "És um urso, que não percebe nada desta merda". Mas, sendo ou não verdade, o certo é que estamos perante um grande álbum que, num primeiro impulso, dá vontade de intitular de obra-prima, um dos álbuns do ano...aquelas coisas que, afinal, ficam sempre tão bem afirmar nestas ocasiões. Quanto à classificação de obra-prima, deixo essa vertente para o Nuno Galopim, ou não fosse ele o homem que ousou fazer figurar Philip Glass entre nomes como os Echo & Bunnymen, numa daquelas grandes iniciativas com que a Radar (os provedores do bom gosto musical em Portugal) nos brinda regularmente. Mas quanto ao Third propriamente dito, mesmo que o chamem de álbum pastiche, o que tenho a dizer é só uma coisa: Soberbo! O resto é análise para especialistas. E, nesse capítulo, vão-me desculpar, mas não tenho como...

Sunday, April 20, 2008