Thursday, May 29, 2008

Chop chop

"Nunca deixem a verdade dar cabo duma boa história..."

Wednesday, May 28, 2008

Ela e ele

Ouço o duo She & him. Volume 01. Ela "Zooey Deschanel". Ele "M. Ward". Ela é daquelas actrizes fofas, tão fofa que perguntei a Ele porque se atrelou a Ela e à última moda do vira e canta actriz. Cicatriz.
Não sei se isto será a versão Texana do Duo Ele e ela. Mas dispensava-se o ajuntamento...
É que Ela até sabe cantar mas também pensa que sabe escrever.
O que me lixa é estragar a minha bela ideia de tudo o que ouvi do M. até hoje. E quando ouço na minha cabecinha tantas, mas tantas vozes, esquizo, esquisitas e mais adequadas à sua rouquidão e aos seus arranjos... Não entendo... Juro que não entendo... e não espero Volume 02. Laurinda.

Saturday, May 24, 2008

Lump Sum



Aprendi nos últimos anos a apreciar o que melhor se faz em matéria de folk. Bon Iver está lá, muito lá, ou não tivesse um homem com o nome de Justin Vernon superado todas as minhas expectativas.

Perdoem-me a futilidade, mas o álbum é lindo ao ponto de me levar às lágrimas (For Emma, forvever ago).

Esta nota já vem tarde, pois o álbum é de 2007. Contudo não podia deixar de expressar a minha admiração por uma obra de arte que classificaria de dissipatória em relação a todas as angústias - as minhas, entenda-se. Ainda para mais, toda ela é caseira, sem estúdios e grandes produções. Para finalizar, devo admitir que gosto deste rosto deprimido. Em territórios tão artificialmente alegres, como aqueles nos quais nos movemos hoje, - em que as pessoas só se aproximam de outras igualmente felizes no sentido mais estúpido e boçal do termo, porque, como dizem, a vida já é muito carregada pelo negrume da responsabilidade (azar o vosso, não se endividassem com o LCD coberto pelo microcrédito) - é bom saber que ainda existe com quem "dialogar" sem o receio de admitir que a tristeza ainda é, para que conste, uma das mais ricas e complexas emoções humanas. (Nota: espero que esta última frase não tenha soado muito a Laurinda Alves, pois agradeço que não me conotem a essa senhora)

Monday, May 19, 2008

Mara Carfagna

Devido à falta de análise à política nacional, viremo-nos para Itália, nomeadamente à nomeação da sua nova Ministra da Família. É que só perderia tempo com escritos sobre a corrida à liderança do PPD para referir que a Manuela Ferreira Leite com esta roupagem tinha a presidência no papo.
Por falar em cair no goto. É desta estranha forma que Silvio Berlusconi demonstra a sua maneira de governar… Depois de cortejar Mara Carfagna, o que complicou o casamento lá em casa com a Maria, resolveu torná-la ministra de todas as famílias italianas. Por outro lado, mostra aos nossos vizinhos espanhóis que não vai em números e aposta na qualidade da constituição do seu governo. Com ou sem ajuda do psiquiatra...

Saturday, May 17, 2008

Justice ao Jorinhs

Aos que criticam a preguiça que frequentemente se instala neste blog, deixo o convite para que leiam as últimas duas páginas da edição de ontem do "Ipsilon".

Talvez assim percebam que, se é verdade que somos adeptos da bela arte de coçar a micose, também temos a virtude de antecipar alguns debates interessantes sobre aquilo que nos rodeia.

No caso em apreço, justiça seja feita ao Jorinhs: tirou a mão do escroto em momento oportuno, identificando sabiamente uma polémica que se avizinhava.

Feito este reparo, volto a hibernar. Até Julho, rapazes.

Thursday, May 15, 2008

Preguicite aguda

A Trissomia, no entender deste 1/3, teve o melhor elogio que alguém podia fazer a esta pandilha. Fomos agradavelmente vilipendiados por escrevermos ao ritmo do Cossery! Maravilha! Além de nos considerarem mestres do escárnio, somos igualmente um meio do prazer e da preguiça.
Comparativamente aos seus quase sessenta anos de carreira literária em que publicou oito livros ao ritmo de uma frase por dia, tentei igualar tal proeza. Mas postar uma diatribe por dia tornou-se um desejo ao nível daqueles que faço (quando faço) no ano novo.

O comodismo evidenciado por todos os Mandriões deste Vale Virtual não merece um empolgante ensaio sobre a famosa preguiça Cosseriana como concepção filosófica. No entanto, acho que merece um olhar atento à forma como alguns dos nossos leitores, ávidos de novidades, esmorecem ao depararem-se com a ausência quando nos visitam. Nada mais simples de explicar. Nós também fazemos a apologia do ócio para assim melhor saborear a vida e nela reconhecer os fluídos mais prazenteiros (há quem dê em maricas, vicie-se em joguinhs de computador ou vá para a droga). A nós dá-nos pra isto - postar verborreias que julgamos serem de serviço à comunidade e são, mas só quando para aí estamos virados, o que não acontece por normalmente encontrar-me em posições oblíquas.
Mas a lição de Cossery assim como a nossa é a da coerência, além da qualidade intelectual indiscutível de ambos, sem ups & downs, à semelhança de Eça, não se vislumbra neste blog frase, expressão, palavra ou vírgula a mais. Tudo nele é essencial... não se trata, pois, de preguiça. É tempo de reflexão.

Wednesday, May 07, 2008

Justicication

Postei não por gostar da realidade que era mostrada mas pela forma realista como a mostrava...

Tuesday, May 06, 2008

Se eu te der uma bofetada sou um artista?

O que esperamos da arte? Emoção. Em traços gerais, a experiência estética, a relação com o objecto dito artístico, tem por finalidade o despertar de uma qualquer emoção. De uma forma redutora, os extremos que balizam essa nossa percepção da arte podem ser catalogados nas suas formas positiva (satisfação total) ou negativa (rejeição absoluta). No ponto central deste espectro de sensações estará - numa dimensão que anula o próprio pressuposto da experiência estética - a indiferença. É, digamos, o ponto neutro da nossa relação com a arte, que pode ser motivado por factores tão simples como, por exemplo, a banalidade e irrelevância do que nos é dado a experimentar ou a nossa incapacidade de apreender o que é comunicado, seja na forma de música, de filme ou de pintura.
Serve esta pequena refelexão para introduzir o motivo que me fez quebrar o silêncio que tem pautado a minha colaboração neste blog. Um pretexto simples: o vídeo que foi publicado imediatamente antes deste "post".
Primeiro ponto: não nego o principal (único?) mérito do vídeo, que é o de fugir à indiferença. Estamos perante um daqueles casos em que o visionamento da obra nos confronta com a obrigatoriedade de formular uma opinião. Embora não estejamos perante algo de visionário ou absolutamente novo (o universo contextual "La Haine" e o registo de filmagem "Smack My Bitch Up" são influências/colagens demasiado evidentes) é virtualmente impossível contactar este vídeo sem achar que é "bom", "mau", "odioso", "interessante", "fixe" ou "vomitável".
A mim, por exemplo, esta suposta peça de arte provocou-me de imediato uma sensação de repulsa completa. E "obrigou-me" a escrever isto
De forma resumida, acho que é um exercício absolutamente lamentável. Uma apologia barata da violência, sem qualquer justificação plausível por parte do artista que concebeu a ideia ou dos artistas que a aprovaram. E não, não se trata de adoptar uma posição de Velho do Restelo ou de condenação à influência perniciosa que estes exercícios podem ter nas crianças que os vêem. Trata-se mais depressa de sugerir aos estilistas desta obra que, por exemplo, filmem as respectivas avós de pernas abertas enquanto um maçarico lhes queima os lábios das respectivas vaginas. Também é forte, também dá polémica, também causa emoção. E introduz, face a este vídeo, o "plus" de ser, enquanto filme, algo de conceptualmente novo.
Há dias, numa daquelas conversas em que bebemos todas as palavras dos ensinamentos que nos são dados gratuitamente, um certo sujeito despertou-me o cérebro para a luta da criatividade contra a dimensão do banal. E entre os inúmeros exemplos que foram colocados em cima da mesa, um destacou-se: a necessidade de conhecer as regras para poder quebrá-las. Sem conhecer as regras, sem poder quebrá-las, não se cria nada de novo. Repete-se.
Ao ver este vídeo essas palavras vieram-me à cabeça. Porque o vídeo, embora envolto na presunção de que se estão a quebrar convenções sociais, num embrulho de rebeldia, contestação e ruptura, não passa disso mesmo: repetição. O que este vídeo pretende é assumir-se como monumento de uma geração incompreendida e fodida pelo meio socio-económico envolvente. Mas o que ele faz é baralhar e dar de novo. Baralhar e dar de novo. A violência pode incomodar, pode ser visualmente poderosa, mas não mascara a falta de ideias. No limite, pode permitir baralhar e dar de novo.
Deduzo, aliás, que a ideia que atravessou toda a cadeia de produção deste vídeo se tenha traduzido por uma excitação do género "pá, que cena radical que estamos a fazer... isto vai ser censurado pela MTV e vai dar polémica, pá". Acredito genuinamente que tenha sido esse o mote de toda a produção. O que, convenhamos, é pouco. E é triste. Quando um canal anestesiante de massas como a MTV, absolutamente inócuo em termos de criatividade, se impõe como regra a quebrar, acho que fica tudo dito. Ou visto.
E o que eu vejo aqui é uma tentativa falhada de "partir a louça". É como, por exemplo, ir caçar faisão com uma metralhadora. Ou seja, provavelmente abatemos o bicho, mas depois não podemos comê-lo. Este vídeo é um pouco isso. Violência gratuita. Rebeldia sem causa. Estupidez.

Justice - Stress (Romain Gravas)

Passem ao nível seguinte...