Saturday, December 29, 2007

É bom viver em auto-flagelação

A câmara municipal de Portimão deve ter contratado uma consultora de comunicação que lhe disse o seguinte: - "Oh pá, vocês vão ter de gerir uma crise durante os próximos 50 anos, dada toda a merda que fizeram desde o 25 de Abril. Como tal, arranjem coisas que dispersem as atenções".

O resultado saldou-se na seguinte esquizofrenia mediática:

- O Dakar

- Os ininterruptos fogos de artifício

- o caso Joana

- os labregos plantados à porta do tribunal

- o show case em torno do bigode do presidente do município

- o casal britânico a entrar na judiciária

- um membro da assembleia municipal vítima de agressão por parte de um congénere de outro partido. por sinal, conivente com o poder.

- o maior espectáculo de pirotecnia a nível planetário.

- o Nilton volta e traz uns amigos para fazer rir os parolos

- um potencial caso de Entre Rios que, afinal, não chegou a acontecer. "Porque nós cancelámos a passagem de trânsito a tempo". Com isto conseguiu-se uma manchete no Sol, note-se!

E para que a coisa não fique por menos, já está previsto para o próximo Verão o maior assador de sardinhas da Europa...um acontecimento que certamente entrará no Guiness e, como não podia deixar de ser, vai elevar a cidade aos níveis máximos do ridículo em termos de notoriedade. Assim, é esperado um ano de 2008 ainda mais promissor.

Wednesday, December 26, 2007

Now Now

É a música de abertura de um dos melhores álbuns de 2007, o da estreia de St Vincent (Marry me).

Tuesday, December 25, 2007

Natal...longe de Portimão!





No Miniscente, aqui e aqui, o Luís Carmelo faz o retrato dessa cidade de putaria corrupta, que é Portimão. Pena que só os próprios não o queiram ver. Aliás, ver até vêem, quem está no poder e o reproduz geracionalmente através do nepotismo mais sem vergonha até vê isso muito bem; diria, até bem de mais. O Carmelo esqueceu-se foi de nomear, e por não viver lá até percebo (eu também não, e dou-me por muito feliz), as casas de putas, os chulos, as labregas e os labregos da nova geração que acham que quem lê livros tem pancada, os gajos das cobranças difíceis, os espancadores de serviço, os Mangas deste mundo que, no fundo, (quase) todos naquela cidade respeitam, os Fernandos, a malta da JS que, ao longo dos tempos, incutiu na cabeça dos jovens a própria merda que os pais tinham na cabeça, sim, refiro-me aos próprios dirigentes da cidade. Enfim...toda uma miríade de coisas boas da qual alguns (embora devessem ter sido mais) conseguiram escapar. Por isso, o meu bom Natal deste ano vai para o Manuel da Luz, para as Isildas e toda essa banda torpe que vai manejando aquilo a seu belo prazer.


Mais triste é entrarmos no site do município e sermos brindados com esta apresentação:


"Portimão - Um Município à Sua Espera

Portimão é hoje um Município de referência no Algarve, pólo âncora do Barlavento Algarvio, distingue-se pela sua oferta turística, pelo seu pulsar e dinamismo, muito próprios, e por uma diversidade de actividades que fazem com que o seu dia a dia seja vivido, a variados níveis, de forma intensa e marcado por um ritmo que se mantém ao longo do ano".


Qual dos Fernandos terá escrito isto?! Em suma, mais do que triste chega a ser sombrio!

Saturday, December 22, 2007

BEIRUT - The Penalty

BEIRUT - The Penalty

No vídeo está um excerto. Aqui é possível comprar o presente de Natal ideal. Zach Condon (Beirut) nas ruas, nos bares e nos prédios de Paris. Saltimbanco e nómada; um escultutor do eu, em resumo. A grande confirmação musical do último ano, que coloca lá o sentido da festa e...adiante. o resto não importa. Quando vejo as imagens, penso estar ali um pouco daquilo que Michel Onfray escreve acerca da sigularidade, da transposição da arte para o domínio da abertura, onde todos os museus (fechamento) se desmoronam e a arte é vinculada à celebração da vida, à parte maldita. Por isso não se trata de uma estética burguesa, morta e embalsemada.
A exaltação está lá, o excesso também. Boa forma de voltar a saber, com o exemplo, que ainda é possível. O quê? Descubram vocês!

Wednesday, December 19, 2007

Este blog também quer ter intervenção política

politicamente falando, é o tema do momento. referendar, ou não, o novo tratado europeu. pelos vistos, o Governo ter-se-á comprometido, entre os seus parceiros europeus, a ratificá-lo sem consulta ao povo. ouço, leio, que Sócrates quer dar um exemplo à Europa nesse sentido, marcar uma posição. assinar, o quanto antes, o raio do documento. no fundo, construir a Europa lá à maneira deles.

não discuto a legitimidade política que lhe assiste, a Sócrates, de assinar o tratado em representação de Portugal. o povo elegeu-o. deu-lhe, para todos os efeitos, carta branca para tratar destes assuntos tão longíquos e importantes.

o que fica mal, a única coisa que fica realmente mal nesta história, é apenas um singelo parágrafo. um conjunto de linhas que consta na página 149 de um documento que dá pelo pomposo nome de "Compromisso de Governo de Portugal 2005-2009". era, supostamente, a base programática de governo de um partido socialista que então se apresentava a eleições. e diz, esse parágrafo, assim:

"No curto prazo, a prioridade do novo Governo será a de assegurar a ratificação do Tratado Constitucional. O PS entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca."

basicamente, é isto que me apraz dizer sobre o assunto. mas continuarei a ler, com todo o interesse, as longas e fundamentadas convicções que diariamente se publicam sobre o assunto na imprensa e na blogosfera.

Não sei se me faço entender


disseram-me: "agora fica aqui e tratas destas coisas. sobretudo trata de conseguir que nenhuma delas te fuja."
eu fiquei.

O Jardel do calduço

tenho um amigo que tem a cabeça grande. gosto de dar-lhe calduços. é bom dar-lhe calduços.

quando se tem um amigo com a cabeça grande, temos junto a nós um dispositivo eficaz para alimentar a nossa auto-estima. é difícil não ser bem sucedido quando aplicamos um calduço a um amigo que ostente uma grande área de crâneo.

temos ali, à mão de semear, uma taxa de aproveitamento que ronda os 97%. torna-se fácil experimentar a sensação de sermos pequenos jardéis. gosto de sentir-me um Jardel do calduço. eficaz. letal na arte do calduço. gosto deste meu amigo que tem a cabeça grande.

Tuesday, December 18, 2007

Thür unt sidheinan sur vas unt

"quando percebeu que ia fechar os olhos pela última vez, equilibrou-se entre as bermas do presente e do vazio. o anjo dizia-lhe que estava tudo. que era aquilo. hesitou aceitar. faltava algo. mas o anjo dizia-lhe que estava tudo. não faltava ali nada. que era aquilo. foi. perguntaram-lhe depois: que tal? como é? resignado, confessava não ser bem o que esperava."
(Cântico Viking que glorificou o imaginário de
Midvinterblodt e os discípulos dos templos
de Throndheim e Hundsthorp - Séc. XII)

Detestar (as crónicas de) Fernando Alves

na TSF, todas as manhãs, somos brindados com pequenas descargas de análise poética à realidade. breves detalhes semióticos elevados à condição de crónicas do quotidiano. acabei de levar com mais um e não me recordo de ouvir tamanha merda a ser apresentada com um embrulho tão pretensioso.

o facto é que aquela procura incessante da objectividade através de ângulos diferentes, interpretada com uma voz tão cheia de si, já me faz balançar entre a náusea e o vómito.


porque a banalidade não o deixa de ser quando é dita com uma voz projectada, trabalhada e acompanhada por uns batuques quaisquer. acho que já é hora de alguém explicar isso ao homem.

Monday, December 17, 2007

Coisas que se pensam na carreira 329 da Rodoviária

o nosso problema, enquanto povo, não é sermos pequenos. o nosso real problema, enquanto povo, é termos a alma raquítica. complexada. aleijada, mesmo.

por isso vemos o mundo de forma enviesada. criticamos, julgamos, apontamos, condenamos. para nos sentirmos confortados, procuramos nos outros o defeito. como quem diz que podemos ser tristes, mas não podemos estar sós nessa tristeza. a bitola pequena, rasteira, de tão comum torna-nos iguais.

o nosso problema, na individualidade, é crescermos habituados a esta cultura de amesquinhamento. andamos nisto há séculos. o que me pergunto é como é que ainda há quem tenha engenho para fazer disto profissão.

Friday, December 14, 2007

No mundo da ficção científica

Nasceu um país novo aos olhos do mundo,... um território azul, moderno, inovador, enfim, que num ápice coloca o saudosismo atávico de parte e reconhece que pode estar entre os melhores, aliás, está, está e está. O garrido do vermelho e verde campino desaparece e dá lugar a um mundo de ficção científica; a simbólica aqui é tudo. Portugal, afinal, é inovador, apesar dos impasses históricos. Aqui já não há espaço para o Conde de Ericeira, que, diga-se, também tentou mas acabou morto pelas próprias mãos.

Portugal, reconheça-se, é moderno, uma vez que está entre os piores dos melhores. e isso, pois, não é coisa de somenos...é relevante. Prova disso são os seus constantes reposicionamentos, as suas oscilações, as suas ponderações metafísicas em torno da imagem. E é aí que a última campanha de promoção da imagem de Portugal no exterior é coerente. Passa de novo ao mundo a imagem de um país incostante...que não se sentido bem na sua pele, maquilha-se, acha bem e, quando esse artifício já não resulta, deprime-se, senta-se no divã; recuperado, eis que aparece de novo ao mundo, sorridente, sem ser néscio, note-se. Portugal é isso mesmo, um debate constante em torno da sua identidade, entre um catolicismo que´condenou o país mentalmente para todos os anos vindouros e uma tentativa de racionalimo mimético. Portugal é ridículo e essa é a nossa força. Como tal, por que não transmitir essa nossa imagem singular ao mundo?Reconheçamos que somos e seremos patéticos e, aí, talvez mais genuínos, consigamos uma maior paz interior, que...no melhor dos cenários, não esteja em constante condescendência com os outros.

100

Thursday, December 13, 2007

Karlheinz Stockhausen - 22 de Agosto de 1928 - 5 de Dezembro de 2007

Whisper scene

Mistério desvendado. Bill Murray encontra Scarlett Johansson pela última vez numa rua de Tóquio, quando ele já ia a caminho do aeroporto. Despedem-se e ele diz-lhe umas palavras ao ouvido.
O final de Lost in translation — O Amor é um lugar estranho deu origem a apaixonados discussões quanto ao seu final. Por isso, imagino que quem estiver a ler isto vai ter o mesmo dilema que eu tive: carrego no play ou continuo a deixar o que foi pronunciado à imaginação?
Nas palavras de Vera Roquete: "Agora escolha" (Pós brasucas é: "Você decide")...

Tá tudo dito...

José Fontes Salvo disse...

Este blog é uma merda.
in comentário ao post ARCA

Wednesday, December 12, 2007

Circular interna de uma multinacional Americana em Portugal (Porto), contra a linguagem dos trabalhadores do Norte:

"It has been brought to our attention by several officials visiting our corporate Headquarters that offensive language is commonly used by our Portuguese-speaking staff. Such behavior, in addition to violating our Policy, is highly unprofessional and offensive to both visitors andcolleagues. In order to avoid such situations please note that all Staff is kindly requested to IMMEDIATELY adhere to the following rules:
1) Words like merda, caralho, foda-se, porra or puta-que-o-pariu and other such expressions will not be used for emphasis, no matter how heated the discussion.
2) You will not say cagada when someone makes a mistake, or ganda-merda if you see somebody either being reprimanded or making a mistake, or que-grande-cagada when a major mistake has been made. All forms derivatefrom the verb cagar are inappropriate in our environment.
3) No project manager, section head, or executive, under no circumstances, will be referred to as filho-da-puta, cabrão, ó-grande-come-merda, or vaca-gorda-da-puta-que-a-pariu.
4) Lack of determination will not be referred to as falta-de-colhões or coisa-de-maricas and neither will persons who lack initiative as picha-mole, corno, or mariconso.
5) Unusual or creative ideas from your superiors are not to be referred to as punheta-mental.
6) Do not say esse-cabrão-enche-a-porra-do-juízo if a person is persistent.When a task is heavy to achieve remember that you must not say é uma-foda.In a similar way, do not use esse-gajo-está-fodido if colleague isgoing through a difficult situation. Furthermore, you must not say que-putedo when matters become complicated.
7) When asking someone to leave you alone, you must not say vai-à-merda.. Do not ever substitute "May I help you" with que-porra-é-que-tu-queres??When things get tough, an acceptable statement such as "we are going through a difficult time” should be used rather than isto-está-tudo-fodido.
8) No salary increase shall ever be referred to as aumento-dum-cabrão.
9) Last but not least after reading this memo please do not say mete-o-no-cu. Just keep it clean and dispose of it properly.
We hope you will keep these directions in mind. Thank you."

Tuesday, December 11, 2007

ARCA

Monday, December 10, 2007

Fuck scene

Variações da palavra numa belíssima cena da série The wire, onde se demonstra que, por vezes, não é preciso dizer muito...


Felix Gmelin
After Piet Mondrian

Sunday, December 09, 2007


Josh Smith

Li Yan

ADAM

ADACH

Sylvain Chauveau - In your Room




Quem disse que as versões não são melhores que os originais?

Versão de In your Room dos Depeche Mode

Friday, December 07, 2007


Mathew Cerletty

Johannes Wohnseifer

Max Dodson

Íntimas


Íntima Fracção no Expresso online.

Saturday, December 01, 2007

Zach

Tenho andado um pouco arredado deste blogue e, sem falsas modéstias, julgo que pouca mais-valia viria acrescentar, isto no no caso de uma contribuição mais regular, claro. Mas siga. O que me traz aqui não é para falar dos dramas do Burundi nem do pesadelo escatológico que é o país onde infelizmente e sem direito de opção fomos obrigados a ser paridos (mas isto são considerações pessoais, que ninguém tem de seguir). É, isso sim, para louvar a inciativa de quem colocou aqui um dos maiores talentos da música actual: o Zach Condon, pois. Nada a acrescentar, porque após ouvir o homem fico com a nítida sensação que se há alguém que não veio trazer nada de novo ao mundo, esse alguém sou eu.