Tuesday, November 14, 2006

A Família Butolwsky - um projecto para livro

A tese de doutoramento mais polémica dos últimos tempos, curiosamente, não veio de França. Foi acabada de redigir em 1999 por Hans Mann Butolwsky e discutida seis meses mais tarde na reputadíssima Universidade de Heidelberg, onde o seu avô, ainda antes da chegada de Hitler ao poder, já havia ficado célebre com a tese "Os Indivíduos em Concreto - Processos Metafísicos de uma Betoneira Libidinosa».

Karl Butolwsky era um rude Bávaro que, muito embora tivesse tiques de erudito, adorava nas suas férias académicas, quando ainda era assistente de Husserl, ir ordenhar vacas para os Países Baixos, onde se deleitava a pregar valentes palmadas no rabo daquelas roliças holandesas. Conhecedora do feitio folgado do marido, Hannah Butolwsky, filha de um industrial de Munique, quando assistia a estas excentricidades, esboçava um tímido encolher de ombros e continuava como se nada fosse, pois do seu amor nascia a compreensão que era através destes actos de loucura que Karl ganharia a inspiração necessária para rebater em breve todas as teses de Freud. A sua excentricidade ia ao ponto de gritar a plenos pulmões que Freud era um cretino logo após dar uma valente apalpadela no cu de Miki, a rapariga branquinha e de faces rosadas que tratava das vacas na fazenda onde o casal alemão se instalava durante o seu descanso sazonal, desculpando-se depois que lhe causava repugnância ver moscas a rondar e a pousar nas partes mais singelas da moça, pois trazia-lhe à imaginação o famoso médico Vienense a defecar.
Todo este ódio, que alguns dos seus colegas consideravam incompreensível e até escusado, era tão só proveniente do facto de Freud, embora sem sucesso, ter andado a cortejar a famosa e bela Lou Andreas Salomé, o que para Karl constituía um atentado civilizacional, visto que, segundo o seu ponto de vista, o pai da psicanálise não passava de uma reles criatura que dada a penúria na qual vivera na infância, teria criado aquelas teorias ridículas para justificar o seu complexo de inferioridade relativamente aos grandes homens que tinham fundado os alicerces da cultura alemã, tais como, Kant e Goethe. Embora amasse Hannah de uma forma que eu, como narrador, classificaria de amena para a época, quer pela sua imaculada beleza, quer por saber tocar piano e falar francês de forma irrepreensível, Butolwsky sempre que pensava na bela intelectual russa entrava num estado de profunda apatia intelectual e, no paroxismo da letargia, chegava mesmo a confundir Bismarck com Nicolau II, o que para um intelectual alemão tão promissor fazia levantar algumas suspeitas quanto ao futuro e credibilidade da sua obra. Porém, como diz o ditado, por detrás de um grande homem está uma grande mulher, e sempre que ele entrava neste desvario, Hannah berrava-lhe aos ouvidos com um: -«Arrete, Karl, arrete», o que já constituía o prenúncio lexical daquilo que viria a ser, trinta anos mais tarde, prática corrente desse povo exótico situado no extremo ocidental da Europa e que, pelas circunstâncias da fome se viu obrigado a emigrar para a Belle France, ficando até hoje por provar por parte dos antropólogos se chegou a haver esse espantoso processo de sincretismo cultural no que ao croissant com linguiça diz respeito.
[Esta espantosa estória terá continuação num próximo post ou, quem sabe, quando eu a terminar e já estiver composta por nada mais nada menos do que 487 Páginas, vê-la-ão publicada no mini-mercado mais próximo da vossa casa, precisamente, junto à secção dos enchidos].

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