Friday, January 19, 2007

ECO, Eco, Eco, eco, ec....

Meus amigos, companheiros de blog, portuguesas e portugueses:

Sejamos frontais: este blog é uma merda!

Estive há pouco a fazer um curto exercício e tive de chegar a esta dolorosa conclusão. Durante sensivelmente meia hora, fiz uma pesquisa entre os 56 blogs que tenho na minha pastinha de “favoritos” e constatei que são quase inexistentes os blogs cujos posts têm menos comentários do que nós. E faço questão de sublinhar que uso a expressão “quase inexistentes” porque decidi incluir nestas contas os blogs que não permitem comentários.

Durante este traumático processo de investigação, constatei igualmente que o sucesso dos blogs é medido pela seguinte conjugação de factores: número de comentários aos posts + relevância e actualidade dos temas abordados + citações em blogs alheios + capacidade de gerar polémicas entre blogs + colaboração de bloggers com o mínimo de reconhecimento público + citações em jornais. Sendo que a subjectividade de todos estes factores não me permite situar com exactidão numérica o patamar em que estamos no ranking de penetração blogosférica, permito-me, no entanto, vaticinar que estamos claramente nos antípodas do sucesso.

Se bem vos conheço, nesta fase da leitura estão já vocês a pensar algo do género “eu escrevo aqui por gozo pessoal e não me move qualquer necessidade de reconhecimento público”. Eu também pensei nisso. É legítimo. Mas também é estúpido. Porque se escrevemos num espaço público, não faz sentido assumir a postura blasé do “tanto me faz que leiam esta merda ou não”. É mentira.

Chegado a esta ponto do meu raciocínio, coloquei-me algumas questões. Porque é que há blogs onde, mesmo escrevendo-se com os pés, existem mais visitas e comentários do que no Sade Na Marquise? Porque é que há blogs que, mesmo repletos de opiniões desinteressantes e miméticas, conseguem marcar presença nas discussões mais acesas da blogosfera? Porque é que há blogs que, limitando-se a debitar banalidades íntimas em forma de pensamentos filosoficamente profundos, conseguem ser citados e discutidos em todo o lado? E, finalmente, a pergunta mais importante e que resume tudo isto: que caralho estamos nós a fazer mal?

Pensei, meus amigos, pensei. E a solução só pode ser uma: se queremos ser grandes, se queremos ser respeitados, se queremos sair deste buraco escuro onde as nossas palavras embatem numa muralha de eco, temos de adoptar uma postura mais agressiva. Temos de fazer marcação cerrada. Temos de ser consistentes na procura de atenção. Temos lutar pelo nosso direito de reclamar algum feedback. Temos de fazer por ser notados.

Posto isto, vou agora ali ao blog do Pedro Mexia dizer-lhe que o gajo é um balofo larilas. Fico à espera que vocês façam a vossa parte.
Actualização: Foda-se... o blog dele também não aceita comentários...

3 comments:

Carolina Mendes said...

Ei! Serve um comentário brasileiro também? Não há preconceitos?? 'Ora pois', espero que não!
Eu me identifiquei muito com esse seu post (e gosto muito dos outros, também); Tanto, que já pensei várias vezes em pôr vídeos do YouTube de cenas de sexo ou coisas do tipo para ver se animava alguns comentários. Mas, bem, assim o meu orgulho ficaria abalado, e desisti da empreitada. Mas não do blogue, que segue às moscas e, de vez em quando, meio surrealista pelas minhas divagações.
Só pra constar, do seu já faço propaganda, viu? Está nos meus links e tudo!
Beijabraço!!

Nevrótica Aluada said...

A questão certamente passa por serem autênticos, e as criaturas não aprenderam e não sabem lidar com tal facto. Além disso, os autores do Sade na Marquise, não fazem consecutivas fornicações ao ego do público e restante blogosfera copy paste. Acrescente-se que vocês ainda contribuem para dar alguma cultura e sensibilidade ao putedo. Admiro-vos pela diferença...

rui said...

acho que o diagnóstico está certo.
eu acrescentaria dois detalhes:
a antiguidade tem vantagens na blogosfera.
saber cultivar tanto a agressividade como a graxa. Uma e outra são essenciais a um blog dito "de sucesso".
Os dois detalhes explicam como blogs nulos sejam tão "populares".
Esclarecida esta questão resta discutir o seguinte:
O "sucesso" de um blog ser mensurável põe-me de alerta, há limites para a transposição para a blogosfera dos critérios de valoração pimbalhosos, impostos a todos nós pelo "pensamento único", que atrofiam a nossa vida em sociedade "lá fora".
Quando se faz um blog é porque queremos expor livre e publicamente uma parte de nós. Aceitar os comentários dos outros faz parte dessa "ética". Mas estando assegurada a liberdade de nos "exprimirmos" publicamente, quando e como queremos, estando assegurada a ética de nos expormos ao "contraditório" através dos comentários, qual é a angústia de termos ou não audiência? Só se a "agenda" passar não só pelo desejo de expressão mas também pela necessidade de promoção.