Friday, October 19, 2007

Jano-me...

É preciso estar sempre janado. É isso mesmo: é a única questão. Para não sentir o fardo horrivel do tempo que nos verga os ombros e nos inclina a terra, é preciso que nos janemos sem cessar. Mas com quê? Com erva, haxe ou pólen, como vos aprouver. Mas janai-vos. E se algumas vezes, nos degraus de um prédio, na relva verde de um jardim, na solidão triste do vosso quarto, acordardes, com a janadice já diminuida ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, responder-vos-ão: "É hora de vos janardes! Para não serdes os escravos martirizados do tempo, janai-vos sem cessar! De erva, haxe ou pólen, como vos aprouver. Mas sempre, sempre com música...

2 comments:

Quim Zofrénico said...

Amém!!!

ana marta said...

parece-me já lido semelhantes palavras em outra boca...