Em Portugal, qualquer governante tem a obrigatoriedade de deparar-se com o drama de fazer de São João Bom, Mártir. O herói do livro de Miguel de Unamuno viveu o angustiante problema de ser o pároco que perdeu a fé, mas que até ao fim da vida optou por esconder a sua descrença como forma de manter a ordem espiritual dos seus fiéis.
Guterres e Barroso não conseguiram cumprir até ao fim o papel de São João Bom porque fugiram assim que puderam para não terem de entrar em desespero existencial e, mesmo sabendo que faz parte do papel do político mentir aos seus súbditos, não iríamos pedir aos nossos governantes que cumprissem tamanho fardo existencialista, pois, para além de estar fora de moda, não parece haver figura com envergadura para cumprir essa tarefa em toda a sua extensão. O problema é que São João Bom que cumpre até ao fim só tem aparecido no futebol e, assim, a mentira apaziguadora das almas foi transferida dos domínios mais letrados para o balneário gigante que é hoje em dia este país. E é isso e tão só isso que deixa tão irritadas certas elites intelectuais em relação ao futebol.
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