Monday, May 31, 2010

Friday, May 28, 2010

Paulino's Pianinhs

Homenagem às Íntimas fracções que acompanho na rádio há mais de 15 anos e agora na rede.
Duas horas nocturnas de camadas sonoras, sempre com o piano de fundo.
Informações, se pretendidas, a seu tempo e numa de toma lá, dá cá.
Quero sugestões musicais,apetrechos, adições e remoções!

Track list:
Looper/Virgina Astley/Daniel Licht/?

Link:
http://soundcloud.com/jorinhs/paulinos-pianinhos

Monday, May 24, 2010

“I've got you under my skin where the rain can't get in”...

Kora

Tem 21 cordas e uma caixa de ressonância coberta de pele de vaca.
Toca-se com os dois últimos dedos de cada mão, servindo um polegar para o baixo e o outro para a melodia.
Os dois dedos indicadores fazem o resto, ou seja, improvisam. A explicação simples dada pelo próprio...

Sunday, May 23, 2010

Hagar, o terrível

T-Shirts

Há dias em que encontro na rua alguém a ostentar orgulhosamente uma t-shirt de uma banda das que me acompanharam na juventude. E penso.
Ok, vestir uma t-shirt daquelas nos dias que correm só pode querer dizer uma coisa: ele, na sua adolescência, gostou muito daquela banda e continua a gostar!
Eu também. Mas há que se considerar toda a questão de se publicitar as suas influências musicais: usar uma t-shirt de uma banda de que se gosta e um dos últimos gestos adolescentes na vida de um adulto. É como dizer ao mundo: ”Olha, se me quiseres conhecer um bocadinho, ouve a banda cujo nome exibo defronte dos meus generosos peitorais. É como abrir algumas divisões da nossa casa a estranhos."
Por isso, antes de vestirem as vossas t-shirts musicais tenham mesmo a certeza que gostam muita da banda ou músico que divulgam e estejam preparados para o desafio. E se é para mostrar algumas páginas de um diário musical ao tipo que nos põe gasolina no carro, mais vale mostrar o nosso. É que, hoje em dia, nunca se sabe o que é que as pessoas andam a ouvir por aí. Ah... a t-shirt em causa era da banda deste fulano... a t-shirt deste fulano é uma merda, agora a frase dava uma bela t-shirt...

Saturday, May 22, 2010

Die Brücke


Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, foi preso.

Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, acomodou-se a uma relação que muito o desmerecia e deixava acabrunhado.

Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, conheceu pessoas novas, que muito justamente o julgavam.

Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, era mentor e actuante em tudo o que fosse patifaria. As notícias corriam veleiras. Por vezes, eram-lhe imputados actos que mesmo ele confessava desconhecer.

Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, continuava aquela relação que muito o deprimia. Mas ela e os outros eram felizes, claro. Ele, como era bom de ver, é que estava mal.

Em 1993, vigorando ainda o cavaquismo, transformou-se num insecto. Acabara de ler a Metamorfose.

Em 1994, vigorando ainda o cavaquismo, a Carmelita sentenciou a morte do seu conatus (não confundir aqui com cona em latim, pois a expressão tem uso filosófico).

Em 1994, vigorando ainda o cavaquismo, desconhecia ainda o movimento Die Brücke. A Carmelita também. Ele acabou por conhecer. Mas a Carmelita não. Porque gozava daquela felicidade que só convém aos estúpidos.

Em 1994, vigorando ainda o Cavaquismo, gozava de péssima reputação. Sentia-se uma metástase no meio de tão saudável convénio social.

Em 1994, vigorando ainda o Cavaquismo, deram-se outros entretantos.

Em 1994, vigorando ainda o Cavaquismo, decidiu que não aguentava mais e fez bom uso da vontade para restabelecer o seu conatus. Fartara-se de Carmelita que, mal sabendo foder, ainda resolveu sacrificar quem lhe era próximo.

Em 1995, caindo o cavaquismo,entrou numa nova fase.

Em 1995, com Guterres já no poder, foi visto muitas vezes estremunhado. Não era caso para tanto. Afinal, Portugal entrara na imorredoura época da felicidade.



Friday, May 21, 2010

Não nos bastaria, pois não? Nãããã...

(Sofá Aspirina - Joana Vasconcelos, 1997)

Wednesday, May 19, 2010

Saturday, May 15, 2010

Casimiro

"Fujam, fujam, que aí vem ele", ribombavam eles muito afeitos e zelosos da parideira de vilanias mentais a que foram acostumados. Era um aprumo vê-los naqueles rigores que só cabem aos justos. E o rapaz, que diziam chamar-se Casimiro, sofria muito, ou pelo menos aparentava sofrimento rigoroso. Não fora Casimiro aparecer, tudo estaria bem naquele recato, naquela ordem que antes fora do senhor e que agora dava ares de rigores burgueses e trabalhadores. E a preguiça, meus senhores, ou a sua aparência, era a máxima transgressão que lhes era permitida. Casimiro, de quem se dizia ser maluco, não se conformava. Ria ou acabrunhava numa vertigem pouco vista naquela gesta, muito situada a bem receber quem lhe era conforme. Como Casimiro não era assim, e para que não lhe causassem muito desmerecimento, levou a justa pena, que nestas coisas não pode tolerar desleixo. O pontapé no cu já se esperava, o cinismo, ainda vá. Mas, tratando-se de Casimiro, que aguardava com penitência a decisão, um tiro nos cornos a aviá-lo para a exclusão social até soava a exagero. Mesmo assim, como a justiça por ali não era branda, assim foi. Mas bem podem desunhar-se que ele, Casimiro, muito resistente e probo, há-de por cá continuar a enfrentar todos os desmandos que, por destino, lhe calharam impantes e cruéis.

Tuesday, May 11, 2010

Monday, May 10, 2010

Catarse

Sofro de um distúrbio laboral que dá pelo nome de absentismus fraudulentus esporadicus.
Aproveito o conforto deste sofá virtual para abordar esta patologia com o vazio.
O vazio não maça.
Não é como os patrões e os colegas.
Esses indagam. "Estás melhor?".
Quando mo perguntam encolho os ombros. Os ombros não significam. Por isso não mentem.
Eu minto. Não sou como os ombros.
Às vezes dá-me para isso.
Se tusso é como se tivesse cuspido um pulmão.
Se espirro é como se me tivesse saltado o cimo da cabeça.
Se bocejo é porque a febre me derrete a alma.
Às vezes dá-me para isso.
Quando o mundo e as coisas me aborrecem fico na cama.
Faço mal ao PIB.
Desiludo o país.
Engano o patrão.
Minto aos colegas.
Sinto que não faço falta.
Amanhã passa-me.
Convenhamos que já há dois meses que não tinha uma recaída.
Não é assim tão grave.
Mas precisava deste desabafo pra poder curtir o resto do dia.

Thursday, May 06, 2010