Friday, November 21, 2008

O Prof...

A revista Visão desta semana apresenta na capa o meu prof de filosofia do secundário Aires Almeida.
Aires era a par do Café a dupla filosófica da Escola Teixeira Gomes. Há 15 anos eram conhecidos pela juventude que evidenciavam. Fosse pelo estilo, maneira de estar ou certos gostos artísticos que deixava escapar durante as aulas, Aires era diferente dos restantes pela forma como não debitava a matéria, comunicando com os alunos sempre para o fazer pensar e sempre de uma forma interessante.
Engraçado é como aquele que foi o Prof que marcou a minha educação naquele tempo, foi também o que mais dissabores me trouxe. Sim, porque eu era tido como aquele que copiava nos testes, que os emendava após os receber e que ia pedinchar alteração de nota.
Nunca hei-de esquecer a conversa tida com o meu querido progenitor antes da reunião escolar para discutir estas maravilhas que já faziam parte do meu cadastro escolar e onde me foi dito: "Abre o jogo porque se vier a saber que é tudo verdade, ESTRAÇALHO-TE!"
Não era. Mas muita coisa mudou. Começando pela palavra. Adorei e ainda hoje a uso:
Estraçalhar. Fazer ou fazer-se em pedaços.; partir ou partir-se em bocados; deixar ou ficar despedaçado; esfrangalhar; espatifar.
E acabando na bela arte de cabular, esta sim utilizada nos meus estudos universitários porque pedinchar por notas é que não!
Ainda hoje o encontro por aí. A ele e à sua companheira, minha colega com a qual simpatizo muito. Ainda não li a revista, mas não me parece que fale muito de filosofia e até consigo adivinhar a razão pela qual o Aires deu a cara: é que com a burocracia obligé do novo estatuto dos professores não resta praticamente tempo algum para um professor se dedicar ao estudo e ao ensino que é, afinal, o que se deveria exigir a um professor de filosofia.

13 comments:

Anonymous said...

Pois é, a mim também marcou. Foi ele que me incutiu o gosto pela filosofia. Foi ele que me fez ver que nem tudo o que se ensinava podia ser encarado como um dado adquirido. Foi ele que me fez ver que só com uma certa dose de loucura é que podemos desmontar determinados aspectos da realidade. Foi ele que me fez ter prazer em ser bom aluno, por não querer decepcioná-lo. Foi ele que me fez perceber que o conhecimento é um valor nobre, mais importante que a fortuna. Foi ele que me fez perceber que os professores mais respeitáveis são os mais exigentes. E, mesmo sendo exigente, foi o único a fazer-me entender filosofia. Sim, porque no 11º ano levei com o Café, e o meu bocejar nas aulas era uma constante.
Por isso, acho que o único aspecto infeliz deste post é a referência ao Café. Não o merece estando o Aires presente. Este era à légua melhor.

Obrigado Aires. Apesar dos gritos, dos sustos que nos pregavas, das humilhações colectivas quando realçavas publicamente as baboseiras que eram escritas nos testes, ficaste na memória de muitos; e sempre pelos melhores motivos.

Filipe

Jorinhs said...

A referência ao Café nunca foi feita em termos da sua capacidade educativa porque nunca o tive como professor. Palhaço.

Anonymous said...

Mesmo assim. É infeliz, palhaço. É como escrever um texto sobre o Milan e, de repente, deixar escapar a palavra Benfica.

É como escrever um texto sobre o Javier Marias e, de repente, deixar soltar o nome Nicholas Sparks.

Jorinhs said...

Há que sempre contrapôr a genialidade com a besta. No teu caso, é como escrever um texto sobre a merda da Radar e, de repente, deixar escapar que ouves muita da musiquita que por lá passa.
Palhaço.

Anonymous said...

É verdade que há que contrapor (não leva acento) a genialidade com a besta. Até aqui isso é perceptível. Eu escrevo e tu contrapões logo a seguir. É lixado, pá!

Jorinhs said...

Deve ser confuso para ti... eu sei! Mas eu explico.
Tu escreves merda por não entenderes puto do que lês, thus és uma besta.
Eu respondo e ilumino essa cabeçorra, thus eu sou genial.
Quando esgalhar uma boa comparação maníaco-depressiva acredito que lá chegarás, já que andar para aqui com paninhos quentes com exemplos musicais não funciona. Deixa os primeiros e segundos lugares para as criancinhas no infantário.
Quanto ao acento, se não é para usar, enfia-o no cú, Fifi! Anónimo de merda...

Anonymous said...

A tua resposta é tão desprovida de verve que, ao lê-la, ocorre-me um camionista aos buzinões. É a isso que as tuas palavras me soam: a buzinões!

Jorinhs said...

Que merda pá... andas a ouvir muita Deolinda e eu à espera que puxasses pelos teus sociólogos preferidos para me calar! Fon Fon Fon!

Anonymous said...

Com o tempo fui aprendendo que é necessário nivelar o discurso. No teu caso, como é sempre a descer, ainda arrisco a bater no fundo!

Jorinhs said...

Então boa queda. Fico-me por aqui. Jusqu'ici tout va bien.

Anonymous said...

hehehe Tao longe fisicamente, mas intimamente inseparaveis!! essa discusão e digna de registo!! gostei, acho que deveria passar a post oficial do sade!!???

tambem tive esse prof, mas nao posso falar muito dele, pois das coisas más eu esqueço rapido!! Mas sempre solidario com os profs!!

GLOOOORRRIOOOOOSSSOOOOOOOO

Jorinhs said...

Trancinhas... XIU!
Que tivemos os dois bem perto fisicamente mas nada de intimidades. E se tivesses aparecido este fim de semana tinhas bebido um copo ca malta. Mas devias andar Lisinho...;)

Aires Almeida said...

Olá!

Só ontem descobri este blog, ao procurar um texto antigo meu perdido sei lá bem onde.

Comecei a ler a posta do Jorinhs e não foi preciso avançar muito para identificar o seu autor. Sim, lembro-me daquela história do teste, não tanto por isso, mas principalmente pela visita do pai. Como se pode imaginar, as histórias de cábulas e copianços são banais, na vida de um professor. Professor e aluno, cada um desempenha, com algum improviso pelo meio, o seu papel no teatro escolar. E ainda bem que é assim. Sinceramente, não tinha dado importância ao assunto, não fosse a legítima preocupação do pai do Jorge. Fora isso, nada de especial. Acho até, embora não deva repetir muito isso em público, que uma vida académica saudável se faz também um pouco com histórias dessas.

Mas do que não estava mesmo nada à espera era da vossa enorme caridade quando se referem a mim.

Sinceramente (bom, quando ouço alguém pronunciar esta palavra, fico logo desconfiado; mas arrisco...), estão a exagerar, pois acho que até era um bocado nabo, preguiçoso, impaciente e algo infantilmente egocêntrico. E acho que, ao longo dos anos, ao tentar melhorar estes aspectos, piorei outros. Enfim, mas isto continua a ser egocentrismo :-)

Entretanto dei uma vista de olhos ao resto do blog e gostei. Se o tivesse conhecido há mais tempo, podiam ter contado comigo para algumas boas polémicas. Gosto de polémicas, acho-as saudáveis e estou habituado a elas. Por isso vos convido a visitar o meu blog (com outros colegas) e a entrar também na discussão. É um blog de filosofia e tenho andado ultimamente a defender a pornografia. A discussão tem estado animada. Apareçam e digam coisas. Está em http://blog.criticanarede.com/

Grande abraço,