Tuesday, November 25, 2008

Momentos

Ela inclinava o rabo, e eu, atento, debruça-me sobre o movimento. Eu gostava. Ela gostava. Apreciava, aliás, aquele hino atentatório à pudicidade. O defecho era sempre feliz. O lava-louça ou a cómoda reservados para o nosso riso. Só uma coisa mudava, o seu cabelo. Umas vezes lilás outras tenaz. É que, por vezes, eu puxava, estão a ver? E não sem que ela me permitisse. É que a devassa, neste caso, tinha critério, embora um tanto vago e marginal. Os nossos corpos não tinham intriga de novela. Eram, antes, expostos e postos um no outro. Tanto que, entre gritos e gemidos, o verbo foder surgia como sendo uma coisa natural. Mas um foder com carinho, com princípio, com ética. A ternura não andava, para nós, dissociada da foda que infligíamos aos nossos corpos. Pelo contrário. É que é quem mais amamos que fodemos, seja na cona, no caralho ou na vida, desde que com respeito e atenção.

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