Sunday, November 30, 2008
Wednesday, November 26, 2008
Momentos
Uma crónica de viagem seria um bom paliativo para o estado de nojo constante que é a minha mente. Mas não dá! O subsídio não o permite e, além do mais, não estou sindicalizado. É verdade que seria muito do meu agrado erguer bandeiras, vir para a rua e gritar contra o governo, mas na linha da frente, a falar para os telejornais. Uma espécie de Bettencourt Picanço pós-moderno que reivindicaria constantes aumentos salariais para uma classe tão desmoralizada como é toda aquela gente que serve o Estado, essa figura moderna e benemérita especialista em reproduzir prateleiras, ofícios e donas Odetes. Ainda para mais sabendo eu que a luta do senhor Picanço tem vindo a dar frutos. É que, ao contrário dos trabalhadores do Estado, muito colaborador privado (aqui há que estabelecer a diferença entre trabalhador e colaborador, porque dá sempre uma conotação mais sofrida aos primeiros, não sei se me estão a entender...) anda com um dos tomates arrepiados com a perspectiva de pouco vir a ser aumentado em termos reais, isto se, segundo alguns cenários, não vier mesmo a ser despedido.
Mas não. Do que eu precisava mesmo era de uma crónica de viagem, não armado em Heródoto, mas com o único propósito de entender as reais preocupações das pessoas espalhadas pelo mundo. Por exemplo, seria tentador perguntar a uma criança subnutrida de África sobre o que esta acha do Obama, do twitter ou, porque não, do maior especialista português nas matérias anteriores, o Paulo Querido, isto atribuindo alguma modéstia às suas análises, o que seria, de algum modo, injusto. Certamente que a criança seria pronta a mandar-me para o caralho. E ainda acabaria por dizer que Picanço é nome abichanado. Mesmo assim, do que eu precisava era de um Bettencourt ao meu lado, que desse provisão aos meus delírios e me permitisse fugir para um lugar onde não tivesse de gramar com Queridos, Oliveiras e todos aqueles que, percorrida a blogosfera, nos permitem ter uma visão mais abrangente e fracturante da sociedade. Porque o twitter, sim, é a verdadeira homenagem ao telos que são as reais preocupações do mundo.
Mas não. Do que eu precisava mesmo era de uma crónica de viagem, não armado em Heródoto, mas com o único propósito de entender as reais preocupações das pessoas espalhadas pelo mundo. Por exemplo, seria tentador perguntar a uma criança subnutrida de África sobre o que esta acha do Obama, do twitter ou, porque não, do maior especialista português nas matérias anteriores, o Paulo Querido, isto atribuindo alguma modéstia às suas análises, o que seria, de algum modo, injusto. Certamente que a criança seria pronta a mandar-me para o caralho. E ainda acabaria por dizer que Picanço é nome abichanado. Mesmo assim, do que eu precisava era de um Bettencourt ao meu lado, que desse provisão aos meus delírios e me permitisse fugir para um lugar onde não tivesse de gramar com Queridos, Oliveiras e todos aqueles que, percorrida a blogosfera, nos permitem ter uma visão mais abrangente e fracturante da sociedade. Porque o twitter, sim, é a verdadeira homenagem ao telos que são as reais preocupações do mundo.
Tuesday, November 25, 2008
Momentos
Ela inclinava o rabo, e eu, atento, debruça-me sobre o movimento. Eu gostava. Ela gostava. Apreciava, aliás, aquele hino atentatório à pudicidade. O defecho era sempre feliz. O lava-louça ou a cómoda reservados para o nosso riso. Só uma coisa mudava, o seu cabelo. Umas vezes lilás outras tenaz. É que, por vezes, eu puxava, estão a ver? E não sem que ela me permitisse. É que a devassa, neste caso, tinha critério, embora um tanto vago e marginal. Os nossos corpos não tinham intriga de novela. Eram, antes, expostos e postos um no outro. Tanto que, entre gritos e gemidos, o verbo foder surgia como sendo uma coisa natural. Mas um foder com carinho, com princípio, com ética. A ternura não andava, para nós, dissociada da foda que infligíamos aos nossos corpos. Pelo contrário. É que é quem mais amamos que fodemos, seja na cona, no caralho ou na vida, desde que com respeito e atenção.
Friday, November 21, 2008
O Prof...
A revista Visão desta semana apresenta na capa o meu prof de filosofia do secundário Aires Almeida.
Aires era a par do Café a dupla filosófica da Escola Teixeira Gomes. Há 15 anos eram conhecidos pela juventude que evidenciavam. Fosse pelo estilo, maneira de estar ou certos gostos artísticos que deixava escapar durante as aulas, Aires era diferente dos restantes pela forma como não debitava a matéria, comunicando com os alunos sempre para o fazer pensar e sempre de uma forma interessante.
Engraçado é como aquele que foi o Prof que marcou a minha educação naquele tempo, foi também o que mais dissabores me trouxe. Sim, porque eu era tido como aquele que copiava nos testes, que os emendava após os receber e que ia pedinchar alteração de nota.
Nunca hei-de esquecer a conversa tida com o meu querido progenitor antes da reunião escolar para discutir estas maravilhas que já faziam parte do meu cadastro escolar e onde me foi dito: "Abre o jogo porque se vier a saber que é tudo verdade, ESTRAÇALHO-TE!"
Não era. Mas muita coisa mudou. Começando pela palavra. Adorei e ainda hoje a uso:
Estraçalhar. Fazer ou fazer-se em pedaços.; partir ou partir-se em bocados; deixar ou ficar despedaçado; esfrangalhar; espatifar.
E acabando na bela arte de cabular, esta sim utilizada nos meus estudos universitários porque pedinchar por notas é que não!
Ainda hoje o encontro por aí. A ele e à sua companheira, minha colega com a qual simpatizo muito. Ainda não li a revista, mas não me parece que fale muito de filosofia e até consigo adivinhar a razão pela qual o Aires deu a cara: é que com a burocracia obligé do novo estatuto dos professores não resta praticamente tempo algum para um professor se dedicar ao estudo e ao ensino que é, afinal, o que se deveria exigir a um professor de filosofia.
Thursday, November 20, 2008
Nenhum.
Se não tivermos duas mãos, ninguém bate palmas.
Isto para dizer que todos precisamos de alguém: Yin & Yang, Romeu & Julieta, Fish & Chips, Tom & Jerry, Egas & Becas, Jorinhs & Pica, Boogie & Baccall e, neste caso, Neil & Rachel.
Os Slowdive foram o factor de união do casal, mas paragens sonoras, marcadamente mais bucólicas fazem nascer os Mojave 3 e este Love songs on the radio.
Registo duma simplicidade encantadora, beleza em estado puro.
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara"
Há mais de dez anos que li o meu único Saramago e a primeira reacção foi cinematográfica tal a adaptação brutal que seria a sua transposição para o cinema, finalmente realizada por Meirelles, este ano, provocando-me um turbilhão de sentimentos quanto à própria humanidade, frente a uma situação de caos, ou, ainda pior, na questão que coloquei, relativamente ao tipo de vivência que teríamos, se a visão não fizesse parte da nossa existência desde os primórdios?
A outra, como já devem ter notado, pela minha tentativa parva, com que escrevo este post, à la Saramago, é a forma da sua escrita, com poucos pontos, muitas vírgulas e discurso corrente que faz com que os acontecimentos passem pela mente do leitor com uma velocidade incrível, mas, isto são outras histórias, diferentes da súbita e inexplicável epidemia de cegueira que nos guia para a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade transformando-nos em animais egoístas na luta pela sobrevivência.
O filme, visualmente impressionante, fez-me querer reler o livro, recuperar a lucidez, resgatar o afecto, a anonimicidade que se requer para que isso aconteça, nas cidades, nas pessoas, em tudo, de forma a que seja realmente possível ver a sua essência.
"Uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."
Saturday, November 08, 2008
Visões do Sul
A única possibilidade deste blog em estar presente na 1ª Mostra Internacional de Cinema de Portimão aconteceu ontem. Agradável e interessante surpresa o filme de Jafar Panahi e o comentário e visão da convidada Joana Amaral Dias.
Combinando ficção e documentário ao filmar a qualificação do Irão para o Mundial de 2006 praticamente em tempo real, temos um olhar de bastidores, já que o jogo em si nunca é mostrado para o espectador e sim as paixões e emoções que o futebol desponta em todas nós e, neste caso em particular, nas mulheres Iranianas, proibidas de assistir ao vivo um jogo de futebol.
Foi com o entusiasmo com que vejo um jogo de futebol que me senti neste filme e só me apetecia no final do pontapé feminista da Joana Amaral Dias contra o sistema Iraniano levantar-me de braços abertos e gritar: Porquéééé´ que dizesissu?
Thursday, November 06, 2008
Wednesday, November 05, 2008
Tuesday, November 04, 2008
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