Wednesday, March 14, 2007

Notas avulsas sobre a nossa comunicação social

Valentim Loureiro
Talvez por perceber que a oferta de torradeiras não será solução, Valentim Loureiro veio a público pedir que o seu julgamento no processo Apito Dourado ocorra na televisão. A tese que suporta o desejo é no mínimo bizarra: “Já percebi que os tribunais não me levam a sério”, argumenta. Embora se perceba o filão de audiências que está aqui por explorar, eis uma boa oportunidade para os nossos canais de televisão darem prova da sua capacidade de auto-regulação, evitando a espectacularização mediática deste julgamento. Contudo, a entrevista já agendada no programa de Judite de Sousa – logo num canal do Estado! – não deixa antever nada de bom...

Antena 3
Em boa altura o Provedor do Ouvinte colocou o dedo na ferida. Numa fase em que se torna público que o apoio estatal ao grupo RTP cresceu para os 224 milhões de euros em 2006 (dinheiro que nos sai dos bolsos, recorde-se...) , o grau de exigência para com o serviço público prestado pelos meios do grupo tem de ser elevado ao máximo. Neste contexto, é legítimo perguntar em que é que o modelo da Antena 3 é diferente do dos operadores privados com que a estação concorre no mercado radiofónico. E, demonstrando o passado recente que não há diferenças substanciais, urge alterar a situação, sob pena de o factor “serviço público” se resumir a um slogan publicitário.

SportTV vs TVTel
Ainda não é líquido de que lado está a razão no diferendo que opõe a SportTV à TV Tel. Contudo, a forma como o canal de desporto geriu o processo de corte de sinal à operadora nortenha e a posterior reacção da administração da TV Tel evidenciam a necessidade de alterar o paradigma do mercado de distribuição e de produção de conteúdos para o nosso universo cabo. Nem que seja porque a actual situação de quase monopólio da PT neste domínio dá sempre azo às suspeitas sobre as reais motivações da PT Multimédia nalgumas medidas que, volta e meia, se assemelham a tiques de absolutismo.

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