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No único concerto em que o vi, à frente do Hotel, foi destesticulante ouvir a sua personagem em palco, a sua marca registada. Era aquele que, como eu, não gosta daquela falsa comunicação porreirista do "Oi pessoal, adoro-vos!" ou de dizer uma treta qualquer, habitual, e prefere dizer uma treta sua, expondo a sua disposição e contando umas histórias de forma a introduzir as músicas, como a do lado beirão Mlerifdadiano de fazer música sobre o construtor civil com betoneiras no palco e a cantar coisas como:
“De manhã quando o sol arrebita
vou p’rá obra com a marmita
numa mão o salpicão
e na outra o garrafão”.
... tudo isto de copo na mão e cigarro no canto da boca, terminando com um "Portugal é um penico!"
Era a fase do bigode. Agora, em 1970, o que é que aconteceu ao teu bigode?
"Sabes que os bigodes, com o tempo, começam a ficar cheios de sopa juliana, de caldo verde e a coisa começa a ficar pior. Quando me apareceu um cogumelo no bigode, tive que o cortar, porque estavam a nascer coisas que eu já não queria no bigode. Equívocos cogumelos nasceram do meu bigode, e deixei de me dar tão bem com ele. Corria o risco de me transformar num bigode, e eu não queria de modo nenhum transformar-me num bigode. Não é que o meu amor-próprio seja enorme, mas há limites. E acho que tenho conseguido, o que é que te parece? Eu acho que sim."
Obrigado, pensar assim ou açores é motivador.
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