Era um cotovelo lindo! Para o comum dos mortais, poderia ser um cotovelo como qualquer outro. Puro engano. Este cotovelo era perfeito! Forte e vigoroso, a sua estrura óssea conferia-lhe um ar inquebrável, imponente, autoritário.
Ao encontrar o menino que gostava de enfiar a cabeça no congelador, disse-lhe para parar de lamber o gelo e começar naquele cotovelo, que ele não conseguia. O puto não quis. O cotovelo não gostou e fechou a porta do congelador. Adorava de tal forma aquela extremidade que sempre que não conseguia demonstrar o seu afecto com lambidelas de betoneira, enfurecia-se ao ponto de partir a cabeça do primeiro que se encontrava por perto.
A arma era de tal forma poderosa que decidiu colocar picos e tornar-se profissional. Só tinha um senão, o comichão! Por vezes a aflição levava-o desconcentrar-se e a falhar a cabeça que alvejara.
Conhecido desde então como Cotovelinhos, certo dia foi afogar as mágoas ao bar da esquina, após o seu ouriço ter acordado doente. Problemas de pele, desconfiou, pois da noite para o dia, o pobre bicho perdeu a quase totalidade dos picos que lhe preenchiam o pequeno e abalofado corpinho. Só restou um. No cima da cabeça. Tipo antena. Coitado do bicho queria agora ser muito aquele cotovelo. A ambição era tal que, perante a manifesta incapacidade de acançar os seus propósitos, o pobre ouriço passava os dias a choramingar pelos cantos da casa. Tornou-se um ouriço deprimido. Fez greve de fome, para sempre.
A cada golada de cerveja, já mal se aguentava no banco, alto, e esforçava-se por manter um periclitante equilíbrio, encostado ao balcão, com o apoio dos cotovelos calejados de tanto cotovelar. Decidiu que estava na hora. Tirou os picos, e deixou-os ao balcão que aquilo já lhe tava a magoar. "E que faço eu com esta merda? Agrafo-os ao ouriço?" Perguntou a Conchita. "Bem podes enfiá-los no cú!", respondeu ele, agoniado de ver o seu ensaguentado cotovelo, e claramente farto de estar ali. Levou dois tabefes e ficou de castigo durante duas semanas. Logo vi. Conchita jamai compr...
"Mas quem é o raio da Conchita?", perguntou o cotovelo ao narrador. E saiu, claramente incomodado com aquela dúvida enquanto coçava aquele prurido que lhe afectava o ângulo saliente da articulação do braço direito com o respectio antebraço. Nunca mais encontrou os picos.
Olhou para o despertador. Sete e trinta e quatro. AInda tinha mais 26 minutos de sono pela frente. Ajeitou as calças, apertadas na zona dos testículos, virou-se para o outro lado e adormeceu."Conchita, é hoje que te espeto uma queca!", é só tocar-lhe no umbigo, pensou.
Moral da história:"Nunca dês ouvidos a um repolho, perderias de vista os nenúfares! Fim Fom Fum!
Silêncio
1 comment:
que loucura...
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