Todos os lugares que habitei e onde a dor bateu no meu rosto foram sendo aniquilados, aos poucos, tranquilamente. A luz que sempre me desconcertou rasgou-me em pedaços, em fragmentos. Precisei e sempre precisarei de reconstruir-me de novo. A criança corria pela praia e eu olhava para os seus movimentos largos junto ao mar. As ondas batiam nos seus pés, na sua inocência. O meu rosto perdia-se nela, como se quisesse voltar atrás, sempre para trás, recuar no tempo, recuar na vida, deixar a parte de mim que já estava suja e sem retorno. Aquela luz suave, a praia ausente de todos, era aquela criança com os seus passos esvoaçantes que se iam perdendo aos poucos e faziam com que os meus olhos se cerrassem já sem esperança. Uma criança partiu sem que eu jamais pudesse olhar para ela, como se me desprezasse e sentisse que ali estava a vida e junto a mim, a morte.
Monday, December 18, 2006
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