Foi ouvi-la à primeira, sentir a paz invadir-me e duas braçadas depois, ainda me encontrava no início... voltei a ouvi-la e não conseguia afastar-me. Comigo, há sons assim. Fazem um remoinho no ouvidinho e ficam. E basta um contrabaixo monstruoso que é acariciado enquanto se deixa acompanhar por uma guitarra em Trips lânguidas para ficar preso. Assim se faz a minha minimalista, sinistra e atmosférica melancolia. Como sou um mau intérprete da mais profunda forma de ser português, faço-o aliando-me à música, a este fado que traz pó, vindo do Western. Paris Texas anda por ali.
Neste filme feito a dois (três se contarmos comigo), embora não nos encontremos propriamente num ambiente propício a grandes mudanças, tal não causa o indesejado ambiente das bandas-sonoras que repetem a sua fórmula à exaustão. E como Fernando Pessoa, "Quando a alma não é pequena", surgem várias faces, várias personalidades, várias músicas dentro do corpo musical que é criado.
Assim como neste duelo intimista entre a guitarra e o contrabaixo, também eu me duelo na procura das músicas em que não existe um tempo. Afinal, são estas que perduram...
Enquanto espero pela próxima, aguardo a todo o momento que o Clint Eastwood entre por uma casa de fado a dentro. Se calhar, já este fim-de-semana no Xico... é a tasca pá...!