Há coisas absolutamente banais que devemos partihar, que, bem circunstanciadas, fazem parte da crónica. Mais tarde teremos uma longa história para contar, ora breve ora longa, consoante o estatuto. Trata-se hoje de um eu a falar, quando a crónica era e sempre foi sobre os outros. Antes dava-se exterioridade às coisas. Hoje, a necessidade que elas partam de nós conspurca-as. Mas é um aconchego trazer sempre o eu para a conversa, estejamos nós a falar da puta viciante, do mendigo que já ninguém vê ou quer ver ou da avó bem morrida; mesmo assim, falamos do eu para ela.
Um aconchego. Trazermos sempre um pedaço do eu para tudo, e nem com um Klee à frente nos calamos ou detemos. Nem com Klee nem com um Ray. É uma necessidade estúpida de darmos o eu ao parlatório. Na sua franja, pelo menos, deixem a obra queita. deve estar quieta, sim. Porque é que a nota do museu e a forma como eu a recebo terá de fazer parte da forma como interpreto a obra? Não vejo razão. Não a encontro, sinceramente. E não a encontro porque não é honesto misturar a conta do gás com Lucien Freud. Não é honesto, sobretudo para quem a pintou, ou para quem a fodeu, como a puta que faz da cona a sua vida. E respeitemos isso.
Saturday, June 26, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment