Wednesday, June 09, 2010

Uma versão ridícula do Inverno em Lisboa (coitado do Molina)

Ia eu muito aventurado no beijo, quando ela diz que tem namorado. Decide-te Brígida, o que queres? Não sei, estou muito confusa, acrescentava, por vezes em pranto desmedido. Dois anos num vai e vem de fica não fica comigo. Dois anos de "o que eu sinto é bom demais e tenho medo". Brígida, com medo, muito, aliás, lá se pisgou, em passada célere, para os braços do namorado, que, mesmo de fraca figura e ar estremunhado, lhe dava sobremaneira aquela segurança cristã que as mulheres portuguesas tanto prezam e merecem. Dois anos passou em muitas experimentações, muito desassossego na alcova, e nem um nascer de sentimento por mais uma que entrava e saía para, dias depois, dar entrada outra. E nem uma perspectiva de paixão. Mas, de vez em quando, ainda ia acalentando uma esperança que Brígida mergulhasse num repensar sério e meditativo de projectos, sem medos, receios e flagelos com a ira de Deus na consciência. Entendem isto? pois, eu também não.

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