Wednesday, May 13, 2009

coisas

Dostoievski, em Cadernos do Subterrâneo, mas sem cotação em bolsa. Euribor desce para os não sei quantos pontos e Flaubert sobrevive. A crise instala-se, Sartre vem para a rua, sobe à tribuna, fala com o povo e, mesmo assim, anos depois, o sistema financeiro entra em colapso, põe muita gente a falar sobre muita coisa que nem eu nem eles entendem e a arte teima em não morrer. Deleuze, Foucault, anos 70, glória temporária. Décadas depois, Microsoft e Apple, brands and super brands tornam-se superstars. Seth Godin também e, porque não, Sócrates e Luís Paixão Martins. Mesmo assim, os filósofos suicidas sobrevivem a uns quantos. As páginas do El País ainda têm crónicas de bons escritores. É o caso de Antonio Muñoz Molina, sem branding. Por aqui, os dias também sobrevivem, lentos, sobretudo cá dentro. Eu, que queria acelerar o processo, não consigo; mas sou um rizoma, sem centro, em suma, um espaço de fuga. Benjamim, morte voluntária, coleccionador de citações, nunca caídas em bolsa. Já eu vim só escrever um pouquinho e, mesmo que seja algo estúpido e aparentemente sem nexo, já dá para escapar à sensação crescente de não ter com quem falar.

1 comment:

Jorinhs said...

Basta um telefonema...