Olá, sou o Célio Pedra. Destaco-me como um brilhante crítico musical, e proponho-me assinar esta página pela primeira vez.
Para celebrar o meu baptismo, achei necessário falar da única coisa que poderá estar acima da música: eu próprio.
Às vezes, o crítico está acima do músico sobre o qual se escreve. Eu sou um desses casos. E estou sempre acima dos músicos sobre os quais escrevo (aliás, eu escrevo sobre - e não sob - música, logo estou acima da própria música...).
Neste aliciante desafio de escrever sobre mim próprio farei uma análise cuidada de todos os defeitos e qualidades que me são inerentes.
Defeitos, confesso que não encontrei nenhum, apesar dos esforçados esforços, passe a redundância.
As qualidades, essas, choveram em catadupa (e obrigaram-me, até, a um acto de preguiça na sua recolha, tal a abundância).
Desde já, sou bastante modesto, apesar das traiçoeiras aparências. Quando alguém me pergunta o número de CD's que possuo em casa, respondo ao curioso (certamente orgulhoso dos 200 discos no seu lar) da seguinte forma: «Poucos», a que acrescento de imediato: «Para aí uns nove mil, talvez mais, só CD's. O vinil, esse, já lhe perdi a conta». Este golpe de modéstia, reconheço, é mortal, e o uso da palavra « poucos» é fundamental. Num diminuto conjunto de palavras, reduzo o indivíduo à sua insignificância (200 CD's hein?) e demonstro a minha humildade de crítico... Admito que o primeiro intuito era o mais importante.
A minha cutura musical é abissal e insuperável. Sou o crítico que mais percebe de música. Ler o que os outros escrevem é uma actividade que me lembra a de um professor que corrige os testes dos seus alunos. Deixo-me dominar pelo sentimento de desprezo (em relação aos meus colegas de escrita, claro). Porque estou lá bem em cima. O meu conhecimento musical abrange desde o hip-hop Tailandês (eu percebo o hip-hop) ao gospel da Guiné-Conacri, passando pela onda de revitalização do punk do Bangladesh dos finais da década de 80. Impressionante! Quem me acompanha neste background musical? Ninguém. Para quê então ler os artigos dos outros?
A minha conduta guia-se por outras qualidades extremamente humanas, como a piedade, por exemplo. Quando penso em vocês, leitores, esse sentimento tão próprio dos nossos seres invade-me. Penso na quantidade de boa música que ignoram, nas viagens profissionais a outros países (com direito a estada nos melhores hotéis) que não fazem, na vossa impossibilidade de serem venerados como eu. Tenho pena de vocês e acho que isso é positivo, porque a piedade tem sempre um bom fundo.
Sou um indivíduo interessante e o facto de me apresentar como crítico musical desperta o fascínio das pessoas que me rodeiam. Por momentos, têm na sua frente um homem que é dotado de um conhecimento musical enciclopédico, que domina a escrita como um invulgar talento e que já passou pelas mais invejadas experiências, convivendo pessoalmente com os mais célebres músicos. O sucesso perante o sexo feminino é garantido, embora dispense as minhas galhardias profissionais para o triunfo neste campo. O meu charme já lá está.
Na verdade, acho-me um tipo fabuloso. A escala classificativa de 1 a 10 revela-se pouco propícia para uma auto-análise, tão terrena e estreita que é para o meu ego.
Vou dar-me 10 em 10... Mas merecia mais.
Para celebrar o meu baptismo, achei necessário falar da única coisa que poderá estar acima da música: eu próprio.
Às vezes, o crítico está acima do músico sobre o qual se escreve. Eu sou um desses casos. E estou sempre acima dos músicos sobre os quais escrevo (aliás, eu escrevo sobre - e não sob - música, logo estou acima da própria música...).
Neste aliciante desafio de escrever sobre mim próprio farei uma análise cuidada de todos os defeitos e qualidades que me são inerentes.
Defeitos, confesso que não encontrei nenhum, apesar dos esforçados esforços, passe a redundância.
As qualidades, essas, choveram em catadupa (e obrigaram-me, até, a um acto de preguiça na sua recolha, tal a abundância).
Desde já, sou bastante modesto, apesar das traiçoeiras aparências. Quando alguém me pergunta o número de CD's que possuo em casa, respondo ao curioso (certamente orgulhoso dos 200 discos no seu lar) da seguinte forma: «Poucos», a que acrescento de imediato: «Para aí uns nove mil, talvez mais, só CD's. O vinil, esse, já lhe perdi a conta». Este golpe de modéstia, reconheço, é mortal, e o uso da palavra « poucos» é fundamental. Num diminuto conjunto de palavras, reduzo o indivíduo à sua insignificância (200 CD's hein?) e demonstro a minha humildade de crítico... Admito que o primeiro intuito era o mais importante.
A minha cutura musical é abissal e insuperável. Sou o crítico que mais percebe de música. Ler o que os outros escrevem é uma actividade que me lembra a de um professor que corrige os testes dos seus alunos. Deixo-me dominar pelo sentimento de desprezo (em relação aos meus colegas de escrita, claro). Porque estou lá bem em cima. O meu conhecimento musical abrange desde o hip-hop Tailandês (eu percebo o hip-hop) ao gospel da Guiné-Conacri, passando pela onda de revitalização do punk do Bangladesh dos finais da década de 80. Impressionante! Quem me acompanha neste background musical? Ninguém. Para quê então ler os artigos dos outros?
A minha conduta guia-se por outras qualidades extremamente humanas, como a piedade, por exemplo. Quando penso em vocês, leitores, esse sentimento tão próprio dos nossos seres invade-me. Penso na quantidade de boa música que ignoram, nas viagens profissionais a outros países (com direito a estada nos melhores hotéis) que não fazem, na vossa impossibilidade de serem venerados como eu. Tenho pena de vocês e acho que isso é positivo, porque a piedade tem sempre um bom fundo.
Sou um indivíduo interessante e o facto de me apresentar como crítico musical desperta o fascínio das pessoas que me rodeiam. Por momentos, têm na sua frente um homem que é dotado de um conhecimento musical enciclopédico, que domina a escrita como um invulgar talento e que já passou pelas mais invejadas experiências, convivendo pessoalmente com os mais célebres músicos. O sucesso perante o sexo feminino é garantido, embora dispense as minhas galhardias profissionais para o triunfo neste campo. O meu charme já lá está.
Na verdade, acho-me um tipo fabuloso. A escala classificativa de 1 a 10 revela-se pouco propícia para uma auto-análise, tão terrena e estreita que é para o meu ego.
Vou dar-me 10 em 10... Mas merecia mais.
Estás despedido - A direcção
1 comment:
:-)
Ja nao me lembro da password do blog...
AbN
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