Hoje, num café perto do trabalho, enquanto esperava pela mutação de uma nota de cinco euros em moedas para tabaco, uma rapariga, nos seus 20 e poucos anos - diria que 22 se me pedissem para adivinhar - falava ao telefone. Sentada na sua mesa, na sua vida, com um prato de sopa por companhia.
Que não, que não tinha razão. Que não, que não tinha sido assim. Que, quem quer que fosse o interlocutor, não estava a ver bem as coisas. Terminou a conversa, enfadada, com uma frase que - se me pedissem para escolher - seria a minha frase do dia: "Quando te passarem as dores d'alma logo me ligas, que agora tenho de comer a sopa".
Confesso que não sei ao certo o que são dores da alma. Se têm diagnóstico, tradução física. Não sei sequer se realmente existem, se doem ou se têm cura. Mas - se me pedissem para adivinhar -, diria que ela tem 22 anos e que tem futuro.
A sopa era de nabiça, a 0,90 euros o prato. E estava a arrefecer.
Wednesday, February 13, 2008
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3 comments:
lindíssimo relato!
Este relato é uma merda!!!!!
doutas palavras, sim senhor ... e a classe e refinamento com que foram proferidas! Quem fala assim não é gago!! Ah! fadista!
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