Ouvi-a de passagem e abrandei o passo.
"A vida cabe-lhe num saco de plástico", atirou ela, num tom que balouçava entre o ríspido e o alcoviteiro.
A amiga anuiu, com um grunhido imperceptível, enquanto compunha o meio palmo de badocha que, qual Papillon, celebrava a fuga ao jugo das calças e da t-shirt que as mais elementares regras da física sugerem ter deixado de servir há quatro primaveras.
"Num saco de plástico", insistiu, antes de soltar um enfadado "é um triste...".
Isto passou-se há duas horas e ainda estou a pensar nesta semântica existencialista. Convenhamos: Não há substantivo concreto ou abstracto que resista a uma conclusão destas. Quando a vida nos cabe num saco de plástico, sabemos que falhámos nalgum momento do nosso trajecto. Nem falo dos bens materiais, que esses um gajo acaba por perceber que são só um paliativo para as dores do caminho. Falo dos outros bens, das coisas que um gajo constrói, o passado, as memórias, os sentimentos, as alegrias, tristezas, arrependimentos, expectativas... Porra!, num saco de plástico?!
Não fossem as três escarretas que atirou para o chão num tempo recorde de 20 segundos, era gajo para ter-lhe pedido algumas coordenadas filosóficas. Não pedi. E agora estou para aqui a pensar nisto.
"A vida cabe-lhe num saco de plástico", atirou ela, num tom que balouçava entre o ríspido e o alcoviteiro.
A amiga anuiu, com um grunhido imperceptível, enquanto compunha o meio palmo de badocha que, qual Papillon, celebrava a fuga ao jugo das calças e da t-shirt que as mais elementares regras da física sugerem ter deixado de servir há quatro primaveras.
"Num saco de plástico", insistiu, antes de soltar um enfadado "é um triste...".
Isto passou-se há duas horas e ainda estou a pensar nesta semântica existencialista. Convenhamos: Não há substantivo concreto ou abstracto que resista a uma conclusão destas. Quando a vida nos cabe num saco de plástico, sabemos que falhámos nalgum momento do nosso trajecto. Nem falo dos bens materiais, que esses um gajo acaba por perceber que são só um paliativo para as dores do caminho. Falo dos outros bens, das coisas que um gajo constrói, o passado, as memórias, os sentimentos, as alegrias, tristezas, arrependimentos, expectativas... Porra!, num saco de plástico?!
Não fossem as três escarretas que atirou para o chão num tempo recorde de 20 segundos, era gajo para ter-lhe pedido algumas coordenadas filosóficas. Não pedi. E agora estou para aqui a pensar nisto.
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