Sunday, March 08, 2009
Um projecto
O neoliberalismo, como sistema regulador da sociedade, falhou. Falhou, mas nem por isso assistimos a um movimento social espontâneo - fora dos cânones tradicionais, leiam-se partidos e sindicatos -, que esboce o mais pequeno sinal de descontentamento. Ou seja, um sistema que auto-regulou durante a última década a economia, as relações sociais, e que defendia a máxima: "se o mercado funcionar bem, haverá então mais prosperidade e até - espantem-se - mais justiça social". Ora, se nos atermos ao nosso país, a prosperidade foi escassa. Se nos atermos ao nosso país, onde os neoliberais atacavam um Estado social que, em boa verdade, nunca chegou a existir, em questões de justiça social, também falhámos o exame. Desemprego, endividamento, baixos salários. Este é o modelo que nos impingiram e nem por isso as pessoas se queixam. As pessoas falam, é um parlatório constante, desde cafés a táxis, mas no final a atitude é invariavelmente a mesma: resignação, resignação e mais resignação. A esquerda, essa, que deveria estar empenhada em combater a situação, resume-se, no fundo, através dos seus militantes intelectuais de baixo porte, a falar em circuito fechado para a sua plateia de amigos: blogues, redes sociais, as que ainda não entraram no mainstream, são o espaço privilegiado para exporem os seus enormes egos. E as pessoas? Eles estarão realmente preocupados com aqueles que vivem com o salário mínimo, com os engelhados, com os reformados que vivem no limite da subsistência? Não, creio que não. Julgo que estarão mais preocupados que os amigos, nos foruns já aqui referidos, aplaudam, bajulem e exultem com as suas reflexões de baixo critério. O que é pena. Mas, na verdade, as coisas não vão mudar. É por isso que está na hora de trazer sangue novo para o debate público. Um projecto que se pretende estudioso, alternativo e cujo único interesse será o de promover a desobediência civil, pois é o que está a fazer falta.
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2 comments:
Não é somente fundamental uma desobediência civil, é uma ruptura com as estratégias clássicas inoperantes de uma política neoliberal, que se repercutem na sociedade civil por uma obediência ao medo, medo do que possa vir a acontecer face ao desemprego exponencial, perante a assistência de forças elitistas e sectoriais que se focam na nacionalização ou intervenção do Estado na banca, bem como diante do egoísmo dos funcionários com empregos e salários fixos.
O neoliberalismo falhou, serviu os interesses de uma máquina de espoliação ainda no activo, manifestando, em todo o seu esplendor, a sua incapacidade em oferecer o mínimo a todos os indivíduos, a todos os cidadãos, sobretudo em matéria de satisfação das necessidades elementares, dignidade e segurança.
O apelo à clarificação deve ser realizado com base num crescimento libertário dos ditames burgueses, ao estabelecer uma firme oposição nas próximas legislativas às reciclagens das desgastadas ilusões liberais, subvertendo a concordância globalista dos serviçais do neoliberalismo.
Uma sugestão: Que tal começar por aniquilar o FMI!
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