Monday, October 13, 2008

E o Estado mínimo?

Os liberais sempre foram avessos à intervenção do Estado na economia: iniciativa privada, regresso às funções do Estado definidas por Hobbes, etc., etc., etc. Em suma, o famoso Estado mínimo em contraponto com o Estado social que, em rigor, nunca existiu em Portugal (eu, pela minha parte, defenderia um Estado nulo, num feliz registo anárquico). Mas agora esses mesmos liberais, como é o caso do vice-presidente do PSD, aplaudem a medida do ministro Teixeira dos Santos, que acaba de anunciar 20 mil milhões de euros em garantias às operações de financiamento das instituições financeiras.

O ministro das finanças diz: «Se, por acaso, houver um incumprimento [por parte de algum banco que tenha contraído crédito de outra instituição], o Estado chama a si essa responsabilidade». (citação retirada do Sol). Ou seja, durante os últimos anos, para manter o funcionamento de uma economia baseada na irresponsável e laxista cultura de endividamento dos portugueses, os bancos tiveram de recorrer sistematicamente a financiamentos da banca internacional e, agora, como se não bastasse, os portugueses contraem, no fundo, outro crédito, que é o do Estado estar a impedir com os seus impostos a derrocada do sistema financeiro. Talvez o mereçam. Mas não é isso que está em causa. É, isso sim, a coerência da direita que, em boa verdade, nunca existiu.

A falta de coerência traduz-se, claro está, em oportunismo. E as seguintes palavras de Tony Iltis só vêm reforçar essa convicção:

"However, the failure of this expensive government intervention to halt the global collapse of sharemarkets — and remove the spectre of a massive downturn in production, fuelling unemployment and poverty — reflects that the old orthodoxy has not, in fact, been overturned. The thrust of the “emergency” economic interventions has been to pump money into the finance industry in the hope that this will encourage the banks to restart the flow of credit to productive industry. The “hidden hand of the market” still reigns".

1 comment:

Anonymous said...

:) ler este artigo deu-me tantas saudades de conversar contigo...
beijinho, quando vieres comunica!

S.R.